Universos

Flutuando como uma folha, traçando o destino que o vento rege, a jornada turva trouxe de longe um ser, tão oscilante quanto eu. Nos atraímos como as areias e todos os corpos que compõem o mesmo elemento. Seu universo parece alinhar-se ao meu, almejando por nos unir. Estamos voltando ao nosso lar, mas os ventos são imprevisíveis, e as tempestades escurecem nossos mundos. Desnuda minha mente, e se veste blindando sua tenda, mas invado através de seus poros, injetando doses do meu eu no seu, sem acorrentar seus pés, para que não perca a beleza de voar livremente, explorando a atmosfera que ali renasce.

Me despe com o seu olhar persuasivo e fugaz, com intensidade desmedida, cobre-se entre as nuvens, para ocultar sentimentos que a ameaçam, mas exala chamas maiores que si mesma, exausta, porém sedenta de aventuras. Essa alma que em mim habita desconhece a intimidade com o óbvio, é necessário ler nas entrelinhas para captar a mensagem. Nem toda palavra dita é desejo, e por trás da razão há sentimentos entrelaçados. Nessa neblina o sol se abre, mesmo que intrigante, ela me decifra, e eu observo seus movimentos, como quem assiste um pássaro sobrevoar do alto, tomando posse do mundo que lhe pertence.

É um convite para criar asas, e ser sua aliada, correndo o risco de perder as garras, sangrando curvada ao mar. Esse enredo é atraente, e não costumo fugir de tal tentação. É admiradora da rainha das estrelas que ilumina as noites, e eu lhe mando lembretes dela para lhe roubar sorrisos. Não é possível seguir seus rastros, pois seus pés estão sempre acima do chão, as vezes pousa para misturar-se aos mortais. E eu a vejo como quem pinta uma paisagem já existente, e converso em silêncio quando encaro seus olhos. Sua ousadia me silencia, é dominante, explora meu universo, abrindo portas, seguindo seus instintos. A linha que nos liga é o desafio de esperar o amanhecer sem ter medo de queimar. Não temo em baixar seu escudo para ver além, sei que posso não sobreviver. Não importa quanto tempo temos até que tudo seja cinzas, apenas que seja real a ponto de tocar.

Lu Veríssimo Art
Enviado por Lu Veríssimo Art em 31/07/2018
Reeditado em 31/07/2018
Código do texto: T6405683
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