O assombrado dos dias
Ela olhou o relógio. A noite adentrava com seu nevoeiro. As sombras do quarto formavam vultos de pessoas. Seriam os da vida paralela? Olhou em volta ; o casaco pendurado era só um casaco. Nada havia além de sombras. Virou para o lado e viu o luar na janela.
O nevoeiro atrapalhava um pouco mas deu para notar que a lua sorria. Irreverente , se deliciava com os anseios humanos. Sabia que teria sol no dia seguinte. Assim, ela poderia ir catar coquinhos, chutar o pau da barraca, derramar leite e chorar desgraças, plantar batatas.
Tantas opçoes para o dia seguinte.
Dormiu seu sono medíocre com pílulas da tranquilidade. Para acordar com suas coisas pequenas. E as achar tão grandiosas como os efeitos dos seus passos incertos. Procurando cabelo em ovo, seguiria.
A vida é quase nada - se pode estar tudo ok...fica tão sem graça.