A MORTE-VIDA DA SEMENTE

Por vezes somos surpreendidos pela natureza ao nos depararmos com tamanha beleza de flores e frutos, seja em uma praça ou em um jardim qualquer. Por alguns momentos permanecemos tão estáticos na contemplação de algumas plantas que pode ser que a sensação seja de que o tempo parou naquele momento. E nesta exata ideia de admiração do que é belo e natural podemos não perceber o quão há ali a mão divina. E por conseguinte a mão humana também está no trato da paisagem para que nossos olhos sejam presenteados com tamanha riqueza através do sobrenatural. É provável que estejamos focados ali naquela compreensão ou mesmo sejamos remetidos a outras fases da vida e nos percamos no tempo, nos pensamentos, nas lembranças que nos trouxeram até ali.

Por outro lado vale dizer que um jardim para se estender exuberante aos olhos humanos em muitas vezes passou por diversas fases desde a semente até chegar a etapa madura da flor e do fruto. E grande parte dessa produção se desenvolveu ao diligente cuidado sob fortes oscilações de temperatura, do clima, do vento e da chuva. Interessante é perceber que muitas dessas flores por aí iniciam sua vida como um gérmen que é lançado na terra. E parece mistério, mas incrivelmente um grão para germinar tem inequivocamente que morrer, tem que secar no interior da solo para daí a alguns longos dias iniciar um processo de eclosão e de crescimento. E a muda desponta em meio ao chão, luta contra diversos obstáculos até brotar a primeira folha e se tornar visível a nós. E adubamos, tratamos do terreno, regamos água de maneira que o broto se alimenta dia-a-dia até chegar à fase adulta e se apresentar fascinante e formidável. E como num ciclo natural, uma planta gera outras, origina outros frutos para que a vida continue plena e abundante.

O ser humano também se encontra desde a concepção como uma flor. Ele tem de ser cuidado desde a primeira batida do coração. Deve ser bem alimentado e sua chegada deve ser bem preparada. Não basta apenas entender que há a vida e somente esperá-la num gesto passivo ou inquieto. Faz-se indispensável compreender que o tratamento cauteloso nesse desenvolvimento poderá transformar a criatura humana em um ser valoroso para a sociedade, caso contrário podemos ainda reduzi-lo a alguém desequilibrado e alienado. Assim é preciso saber a hora de regar, mas também é impreterível perceber quando podar as galhas que atrapalham o crescimento adequado. Bem assim deve haver a clareza de que da mesma maneira que a luz solar é combustível ao florescer, pode ser um inimigo mortal e queimar completamente o plantio. E o adubo deve ser depositado em quantidades apropriadas para que não faltem nutrientes, mas também que não haja desperdício e o resultado seja um humano estragado pelas ervas daninhas que podem arder no seu interior e ao seu redor.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 25/07/2018
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