Irdin e os Aliados
Irdin e os Aliados
Dia destes ouvi uma coisa que, palavra, não dá mais.
Uma cantora e compositora, na casa dos 70, talento inegável, de repente solta a seguinte pérola: “olha, o fulano (referindo-se a outro medalhão da MPB), dizia que países muito eruditos acabam esfacelando a criação. Veja você que nos Estados Unidos é possível achar na mesma estante o livro Como Compor Uma Canção ao lado de outro livro, Como Utilizar uma Furadeira”. E assim, a compositora, virtuosismo indiscutível, arremata que a pureza da criação só existe no Brasil. Que somente brasileiros são os eleitos da deidade, e que a geração dela, inclusos Tom, Chico, Cae, etc., foram expoentes máximos da composição musical, que receberam a “tocha” da geração anterior e veja, com razão(?!), ela sente certo temor quanto aos futuros compositores, afinal, blá, blá, blá.
Isso tem cara de hino de Copa Anciã: "Com brasileiro, não há quem possa".
Só para esclarecer, a distinta senhora não tinha tomado um litro e meio de cachaça e soltou um disparate desses num boteco. Ela estava sóbria, sorridente, atuando num programa de TV.
Pela lógica proposta, deve-se concluir então que Cole Porter compôs “Night and Day” somente após ter lido Como Compor Uma Canção. Provavelmente Erik Satie idem, ao escrever as Trois Gymnopédies.
Ai, ai, o caldo cultural tupiniquim é sexy como uma minhoca no anzol.
No final do séc. XV, em determinado período festivo, a cavalgada do duque de Milão contava com dois mil cavalos, seiscentos soldados, mil cães de caça, falcões, falcoeiros, corneteiros, gaiteiros, barbeiros, adestradores de cães, músicos e, pasme, poetas.
Precisamos deles, mas precisamos urgentemente de decifradores da realidade atuando em tempo real e integral pra ver se a ficha cai bem longe do traje corretinho que se pretende sem máculas e tentam nos enfiar goela abaixo.
O pensador inglês - nascido em 1982 - Paul Joseph Watson, tripudia dos adeptos do "woke comedy", vulgo humor consciente, camuflagem barata do demagogo, senão asqueroso “politicamente correto”, um germe que dizimou a criatividade dos roteiristas de Hollywood, haja visto o que surge nas telas, e que ajuda a deformar ainda mais a missão da imprensa, colada no código do silêncio cúmplice seja para relatar o que se passa na Venezuela e Nicarágua, seja para acobertar trâmites do Poder Judiciário, não mais um bastião da lei, mas defensor dos que estão no Poder de mando.
Quando o soldado pôs o revolver na cabeça da Miep Gies, querendo saber quem estava no sótão, (Anne Frank), ela pensou: cadê os Aliados?
Cada vez que eu ligo a TV, faço a mesma pergunta. Ocorre que a sra. Hermine Santruschitz-Gies tinha ao menos uma noção a respeito dos Aliados.
E podemos ficar contado historinhas uns pros outros sobre nossas purezas e virtudes, porém, sinto dizer, a maneira com que o PCC está lidando com a nossa população faria corar os membros dos Einsatzkommando, ou se preferir dos Einsatzgruppen. No país tropical, neguim mata por um celular apenas para ingressar na facção com a patente de assassino. A coisa extrapolou de tal forma que fingir que não está acontecendo se torna um ato de demência. Providências? Risos, ou lágrimas, depende em qual margem do rio você se encontra. No ano das protestações, 2013, passou despercebida a mais singela e silenciosa manifestação, 5.000 pessoas de branco passearam na zona sul de São Paulo num domingo ensolarado. Parentes das vítimas da violência.
Eu não faço a menor idéia daqueles que poderiam ser os nossos aliados. Sei bem o nome e o sobrenome de quem quer incendiar o país. E olhe que existem outros em igual afã, dir-se-ia uma espécie de psicose que açambarcou de roldão sabe-se lá quantos outros.
Semana passada me chamou a atenção o título de uma publicação na internet: A Imoral Omissão do Povo Brasileiro. Decerto é imoral. Não li o trabalho, mas o título fala por si.
O santista José Bonifácio de Andrada e Silva, cuja verve comungava com oitavas bem acima da atmosfera reinante, disse certa vez que nossos compatriotas mostram altivez nas baixezas, amor-próprio nas bagatelas e obstinação em puerilidades. Palavras exatas para uma nação analfabeta. Se estivesse reencarnado diria algo próximo de Olhem para o futuro de seu planeta com esperança, e com a antecipação em terem esse sentimento no interior de seus corações e de suas mentes.
No frigir dos ovos, observando com curiosa atenção a passagem do tempo praticamente surreal, dia a dia cresce a noção de que a verdadeira linguagem em curso, tão abrangente e complexa, não é traduzível palavra por palavra. Talvez seja hora de fazer um curso de Irdin, a célebre a Língua dos Anjos, um idioma que comunica com todos os seres em ares onde o ego é nulo e a empatia, plena.
(Illustration from 'Die Pflanzenwelt')
Irdin e os Aliados
Dia destes ouvi uma coisa que, palavra, não dá mais.
Uma cantora e compositora, na casa dos 70, talento inegável, de repente solta a seguinte pérola: “olha, o fulano (referindo-se a outro medalhão da MPB), dizia que países muito eruditos acabam esfacelando a criação. Veja você que nos Estados Unidos é possível achar na mesma estante o livro Como Compor Uma Canção ao lado de outro livro, Como Utilizar uma Furadeira”. E assim, a compositora, virtuosismo indiscutível, arremata que a pureza da criação só existe no Brasil. Que somente brasileiros são os eleitos da deidade, e que a geração dela, inclusos Tom, Chico, Cae, etc., foram expoentes máximos da composição musical, que receberam a “tocha” da geração anterior e veja, com razão(?!), ela sente certo temor quanto aos futuros compositores, afinal, blá, blá, blá.
Isso tem cara de hino de Copa Anciã: "Com brasileiro, não há quem possa".
Só para esclarecer, a distinta senhora não tinha tomado um litro e meio de cachaça e soltou um disparate desses num boteco. Ela estava sóbria, sorridente, atuando num programa de TV.
Pela lógica proposta, deve-se concluir então que Cole Porter compôs “Night and Day” somente após ter lido Como Compor Uma Canção. Provavelmente Erik Satie idem, ao escrever as Trois Gymnopédies.
Ai, ai, o caldo cultural tupiniquim é sexy como uma minhoca no anzol.
No final do séc. XV, em determinado período festivo, a cavalgada do duque de Milão contava com dois mil cavalos, seiscentos soldados, mil cães de caça, falcões, falcoeiros, corneteiros, gaiteiros, barbeiros, adestradores de cães, músicos e, pasme, poetas.
Precisamos deles, mas precisamos urgentemente de decifradores da realidade atuando em tempo real e integral pra ver se a ficha cai bem longe do traje corretinho que se pretende sem máculas e tentam nos enfiar goela abaixo.
O pensador inglês - nascido em 1982 - Paul Joseph Watson, tripudia dos adeptos do "woke comedy", vulgo humor consciente, camuflagem barata do demagogo, senão asqueroso “politicamente correto”, um germe que dizimou a criatividade dos roteiristas de Hollywood, haja visto o que surge nas telas, e que ajuda a deformar ainda mais a missão da imprensa, colada no código do silêncio cúmplice seja para relatar o que se passa na Venezuela e Nicarágua, seja para acobertar trâmites do Poder Judiciário, não mais um bastião da lei, mas defensor dos que estão no Poder de mando.
Quando o soldado pôs o revolver na cabeça da Miep Gies, querendo saber quem estava no sótão, (Anne Frank), ela pensou: cadê os Aliados?
Cada vez que eu ligo a TV, faço a mesma pergunta. Ocorre que a sra. Hermine Santruschitz-Gies tinha ao menos uma noção a respeito dos Aliados.
E podemos ficar contado historinhas uns pros outros sobre nossas purezas e virtudes, porém, sinto dizer, a maneira com que o PCC está lidando com a nossa população faria corar os membros dos Einsatzkommando, ou se preferir dos Einsatzgruppen. No país tropical, neguim mata por um celular apenas para ingressar na facção com a patente de assassino. A coisa extrapolou de tal forma que fingir que não está acontecendo se torna um ato de demência. Providências? Risos, ou lágrimas, depende em qual margem do rio você se encontra. No ano das protestações, 2013, passou despercebida a mais singela e silenciosa manifestação, 5.000 pessoas de branco passearam na zona sul de São Paulo num domingo ensolarado. Parentes das vítimas da violência.
Eu não faço a menor idéia daqueles que poderiam ser os nossos aliados. Sei bem o nome e o sobrenome de quem quer incendiar o país. E olhe que existem outros em igual afã, dir-se-ia uma espécie de psicose que açambarcou de roldão sabe-se lá quantos outros.
Semana passada me chamou a atenção o título de uma publicação na internet: A Imoral Omissão do Povo Brasileiro. Decerto é imoral. Não li o trabalho, mas o título fala por si.
O santista José Bonifácio de Andrada e Silva, cuja verve comungava com oitavas bem acima da atmosfera reinante, disse certa vez que nossos compatriotas mostram altivez nas baixezas, amor-próprio nas bagatelas e obstinação em puerilidades. Palavras exatas para uma nação analfabeta. Se estivesse reencarnado diria algo próximo de Olhem para o futuro de seu planeta com esperança, e com a antecipação em terem esse sentimento no interior de seus corações e de suas mentes.
No frigir dos ovos, observando com curiosa atenção a passagem do tempo praticamente surreal, dia a dia cresce a noção de que a verdadeira linguagem em curso, tão abrangente e complexa, não é traduzível palavra por palavra. Talvez seja hora de fazer um curso de Irdin, a célebre a Língua dos Anjos, um idioma que comunica com todos os seres em ares onde o ego é nulo e a empatia, plena.
(Illustration from 'Die Pflanzenwelt')