Dois livros





Hoje cedo, ao voltar da minha caminhada matinal, silenciosamente entrei em casa, e tomando o meu café da manhã, deixei um filme se desenrolar em minha mente, e fui me deixando ser tomada de recordações em torno de você. Lembrei o dia em que ele, tão esperado, chegou, com emoção, abri o seu livro, folheando cheia de ternura, tão suave, tão você, vi na dedicatória, as suas letras escritas, com o meu nome. Senti a alegria de sabê-lo existir não só em minha imaginação, mas, real, e que naquele momento registrou que pensava em mim. Fui para o quintal, quis dividir a minha alegria com a minha planta preferida, diante dos meus olhos, tão frondosa, tão verde, pedi desculpas e retirei dela uma folha, nela escrevi a palavra amor, com o seu nome e o meu       - - -
Hoje eu reabri o seu primeiro livro, que fica bem guardado junto ao segundo, e a folha que no primeiro livro guardei, estava ressequida, mas, tão bonita, com cuidado coloquei-a em minha mão, sem querer uma lágrima de saudade caiu sobre ela, pensei no poder da vida, pensei no que o tempo faz com o amor quando só uma pessoa ama, o destino do nosso amor nunca vivido, ficou simbolizado naquela frágil folha, mas não esquecida   - - -
Como pode alguém ser tão vivo dentro da gente, sendo que essa pessoa fez de tudo para ser esquecido, algumas folhas secas se espalham por dentro da gente, carregadas de pequenas sementes, que só faz esse amor crescer a cada dia, sem limites   - - -
Apertei os seus dois livros contra o meu peito, fechei os meus olhos e agradeci à vida por um dia ter me concedido conhecer o amor, através de você. Quem sabe um dia eu consiga os seus próximos livros, pois o mundo é tão pequeno para quem ama verdadeiramente    - - -
Eu sou àquela que acredita na transformação das estações, sou uma folha seca sim, banhada pelo sol, esperando uma forte ventania me levar um dia para junto de você, mesmo que seja por alguns instantes, sem importar com a minha idade, o amor quando nasce, nunca mais ele morre, foi assim comigo.