FILOSOFIA ORIENTAL - PARTE II
FILOSOFIA INDIANA (cont.) ----- BUDISMO - Dentre os sistemas de heresia ou heterodoxos que rejeitou a autoridade divina dos escritos sagrados, este é o mais célebre, fundado por ÇAKYA-MUNI ou BUDA, existência colocada entre 650 e 550 a. C. Filho de família nobre, os ÇAKYA, o príncipe SUDARTA nasceu aos esplendores de um palácio, porém aos 29 anos renunciou a tudo - prazeres, luxo da casa paterna, foi para o deserto e se consagrou à meditação, ao estudo e à contemplação. Seis anos depois, teve a grande "revelação" que devia salvar o mundo, viajou por várias regiões, abandonou o sânscrito, linguagem sagrada dos rituais, vulgarizou suas doutrinas em pali (idioma vernáculo), teve muitos seguidores e fundou uma ordem religiosa. SIDARTA era seu nome primitivo; ÇAKYA-MUNI, apelido após renúncia ao mundanismo; adversários, talvez da seita de seus ascendentes, o chamavam frequentementede "o asceta GAUTAMA"; entre os discipulos prevaleceu o sobrenome de BUDA, que significa "ilumiado ou sábio". // Os livros canõnicos do BUDISMO estão na trilogia "Triptaka" (3 cestos), primeira fonte de informações - 3 partes: Vinay (assuntos disciplinares), Sutta (sermões e diálogos alternados com versos) e Abkidkama (detalhes sobre várias teorias) - de um modo geral, estão com muitas repetições. // O Budismo é mais uma religião que uma filosofia. ÇAKYA-MUNI recusava tratar de questões exclusivamente metafísicas ou científicas e convergiu para a solução de problema moral: a libertação da dor, única realidade da vida - um médico desejando ensinar uma terapêutica de cura e repouso supremo. Pragmatismo e agnosticismo, a nova doutrina em vários pontos nega a divindade - é a filosofia védica dos upanishad sem Braman. // Quatro verdades da moral budista da "revelação": 1-A dor é universal, tudo o que existe é dor. 2-A origem da dor são as paixões, o desejo da existência. 3-O fim da dor é a supressão do desejo, o aniquilamento da existência, o nirvana, estado final de extinção completa do ser, única felicidade a que deve aspirar o homem. 4-O meio de libertação da dor éa contemplação universal das coisas e a prática da mortificação dos apetites. // A metempsicose ou transfiguração das almas - reencarnação - acontece com quem ainda não atingiu o nirvana: doutrinas fundamentais do Budismo são a negação da identidade e a negação de castas. // A nova religião ateia (embora combatida em alguns pontos pelos Brâmanes) espalhou-se pela China, pelo Tibet e boa parte do vasto território asiático, este que era estacionário e tradicionalmente antigo. Explica-se a difusão com milhões de adeptos porque, ambiente de castas, cada ser humano é um Buda. Analogia com o Cristianismo futuro apenas sobre a caridade fraterna, o perdão das injúrias e a mortificação das paixões.
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A ESCOLA TIBETANA - O Budismo chegou ao Tibet em 600 d. C., implantação lenta, pois a religião 'bon', ligada ao xamanismo, predominava na época. Modernamente, o DALAI LAMA - Prêmio Nobel da Paz em 1989 - é seu maior representante. Lama é o mestre dessa corrente e parte da natureza humana ser pura: a mente é um pano branco e uma ação, de apego ou maldade, ali produz marcas. Meditar é tentar eliminar as marcas negativas e usarmos 100% da mente. A meditação tibetana envolve mudras (gestos de mãos), entoação de mantras e visualização de mandalas e divindades (não espíritos de deuses e sim representações de Buda).
NA TRILHA DE DAISHONIN - Há um mantra que, traduzido, diz: "Reconheço e devoto minha vida à lei essencial da simultaniedade de causa e efeito em mei à eternidade da vida" - esta é a essência do Budismo de NITIREN DAISHONIN, monge japonês do século XIII, que entrou para o sacerdócio em tempo de guerra e fome; para tentar solucionar o sofrimento do povo, iniciou estudar os 80 mil ensinamentos de Buda e, entre muitos, elegeu como mais poderoso o "Sutra da Flor de Lótus", como caminho para a iluminação - meditação individual diante de oratório com velas e incensos, depois a oração, pensamento em novos iniciados: "Não servimos ao budismo. O budismo é que está a serviço das pessoas."
MEDITAÇÃO CONTEMPORÂNEA - A prática da meditação nas escolas melhora a concentração e reduz a ansiedade e a pressa dos alunos dentro e fora da sala de aula - colégios da rede pública e particulares do Rio estão oferecendo exercícios de meditação durante o horário escolar - desde cedo, aprender a lidar com os sentimentos e ter maior controle das emoções, bom num mundo cada vez mais violento, agitado e estimulado externamente com negatividades. Espontâneos exercícios de mindfulness ou atenção plena, método inclusive útil no tratamento da depressão. Apenas vinte minutos: música tranquilizante-relaxante (não necessária), preferencialmente à meia-luz, roupa leve e flexível sem apertos, sentar com a coluna reta (se possível, sobre almofada para apoiar a região sacrococcígea) e mãos viradas para cima, olhos fechados, ritmo suave da respiração /técnica simples chamada Pranayama, respiração pura/ e pensamento no presente induzem a um relaxamento profundo. A meditação ensina a observar detalhes (utilizar os cinco sentidos) e é um aprendizado para a vida - faz dormir melhor, alimentar-se adequadamente e ser feliz: maior lucro da meditação é o autoconhecimento e a autorrealização. Não medite logo após refeição ou de estômago vazio.
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LEIAM meu trabalho "Zen-Budismo".
SUGESTÃO - Pesquisem, num sentido geral, sobre as várias versões de "Mantos amarelos do Oriente".
NOTA DO AUTOR:
LÓTUS (padma) - Planta aquática que floresce sobre a água. No Oriente, significa paz espiritual. Flor do lótus, pureza do corpo e da alma; a água lodosa que cerca a flor á associada a apegose desejos carnais - a flor imaculada ali desabrocha em busca de luz: promessa de pureza e elevação espiritual.
FONTES:
"Meditação" - SP, revista MARIE CLAIRE - março/08 --- "Disciplina Zen" - Rio, revista ELA, do jornal O GLOBO, 1/7/18 --- livro "Noções de história da filosofia", do padre jesuíta Leonel Franca.
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