VAMOS PARA A... "PINDAÍBA" ?!
VAMOS PARA A... "PINDAÍBA" ?!
"Quando ela andava naquela /
"pindaíba" que fazia gosto /
na havia nenhum "matusquela" /
querendo olhar pra seu rosto." (...)
O paciente leitor ou a eventual leitora "dessas mal traçadas linhas" -- outro termo muito antigo, usado nas cartas -- com menos de 50 "primaveras" de idade certamente não saberá o dignificado de "pindaíba". Pois bem, há menos de 72 horas eu ignorava a origem dessa "gíria" esquisita, ou melhor, desse termo popular. Uma amiga "por tabela) lá do FACEBOOK -- quem a conheceu "em carne e osso" (cruzes, hoje eu estou terrível !) foi meu irmão gêmeo -- me pede para esquecer os áridos temas nacionais e falar mais de mim mesmo.
-- "Querida, cozinhando com carvão e sem luz faz 316 DIAS não dá vontade nenhuma de falar na primeira pessoa" ! Estamos na maior "pindaíba" e se não fosse a ajuda de um sobrinho distante a "coisa" seria bem pior. Contudo, confirmo por um "livrão" de 904 páginas que nosso amado e idolatrado Brasil sempre esteve "NA PINDAÍBA", mesmo quando a expressão não existia. Durante a "Revolta do Vintém" -- tentaram aumentar 20 réis nas passagens do bonde -- havia um chefe de polícia chamado Miguel Pindaíba de Matos, responsável pela repressão ao motim, iniciado em dezembro de 1889. Em 1º de janeiro de 1890 a rebelião se espalhou por toda a cidade do Rio e a recém-criada República enviou contra os revoltosos... "forças policiais, unidades de infantaria e 1 Corpo de cavalaria. Tiros disparados contra os populares resultaram em dezenas de feridos e 3 mortos. Documentos da época mostram a presença de capoeiras de navalha e de cacetes. Vindos dos Morros e industriados pela polícia para criar espaço para a repressão aos populares,agiam como provocadores". (pag. 17, in "SOCIEDADE BRASILEIRA: UMA HISTÓRIA", vol. 2, 4 autores, ed. RECORD, 2000?) Como se vê, os "blackboxs" são ivenção nacional e o "quebra-quebra" de lojas também. A confusão findou na segunda semana de janeiro e o tal "imposto" foi cancelado em setembro, por proposição parlamentar.
Restou da estória uma "quadrinha" mal-feita que fecha com os versos... "Foi embora o Pin d'Almeida, / ficou-nos o Pin...daíba", na qual a patuléia lamentava que numa vida tão atribulada, ainda tinha o "Pindaíba" para lhe infernizar os dias.
Porém, minha amiga "holandesa" -- está lá faz tanto tempo que nem sequer sabe mais onde fica o Brasil -- quer ouvir peripécias nossas, pessoais. Contei por alto na enorme crônica "OS MICOS QUE VIVI"os percalços de meus 3 dias como figurante num filme internacional, isso por volta de 1973 ou 74. O produtor italiano de um circo mundial foi às Rádios e aos Jornais cariocas contratar figurantes para um filme centrado em seu Circo, cujo nome prefiro não declinar, a nova "lei da Censura" pode interpretar os fatos narrados como difamação. Mas, irei contactá-los "nos seus míííínimos detalhes": na segunda-feira de tarde as filas dobravam o quarteirão que circundava a Praça da República. Não havia seleção, todos seriam inscritos, do Morro ao lado da Central do Brasil "desceu" quase todo mundo.
Pronto, acabou o primeiro dia... na terça veríamos uma sessão de Circo de graça e ainda seríamos pagos para isso. Às 14 horas as arquibancadas estavam lotadas, o local abafado, uma fedentina horrível porque o terreno era pequeno e as "gaiolas" dos animais (macacos, leões, 1 tigre e 2 elefantes) ficavam ao lado da lona abaixada. Veio a primeira "surpresa: não haveria coisa alguma, os artistas estavam descansando para fazer a sessão da noite. Decepção colossal... na saída avançaram sobre a carrocinha de pipoca e dezenas de jovens levaram "mãozadas" dela, fugindo às gargalhadas. Um italiano com megafone, num Português "macarrônico", ordenava:
-- "Bater palmas, agora sorrir, mais palmas, não olhem para a câmera" ! Pensei em desistir,muitos o fizeram, foi um baque no projeto mas o pagamento era bom, decidi ir até o fim.
Na tarde quarta-feira compareceram uns 60 ou 80 abnegados, alguns já pressionando os responsáveis, tentando receber "uns trocados". A gravação foi suspensa, com o aviso de que na quinta, após as filmagens, seríamos pagos. Fui um dos primeiros a chegar, mal almocei, de Copa até a Praça 11 era hora e meia de "lotação" lotado -- daí o nome do "troço" -- mesmo assim já estava cheio. Juntaram todo mundo num dos lados, não havia figurantes para encher a outra metade. Uma trapezista sem graça e "sem roupa", digo, sem o saiote sexy de bailarina, subiu no trampolim e se balançava displicente, sentada no balanço, enquanto a gente, cabeça erguida, lhe acompanhava os movimentos.
-- "Ancora, palmas, mais palmas" !, berrava o "pizzaiolo". Assim terminaram meus dias de figurante... na fila para receber, por horas, de repente ouvimos gritos, tiros e gente do circo saindo correndo, gritando para "lhamar la policía". Tinham sido assaltados, levaram a renda toda, se homiziando no Morro que ficava em frente, segundo algumas fontes.
-- "Que todos tivessem paciência, na sexta seríamos pagos", afirmou pela TV o dono do Circo Internacional, o megaempresário Orlando Orfei, lamentando que já viera várias vezes ao Brasil e jamais passara por uma situação dessas. Conhecendo as pantomimas circenses com espingarda e "bombas", até hoje creio que fomos todos "enrolados". "Porca miséria" !!!
"NATO" AZEVED0 (em 14/julho 2018)