A Vida e as bolhas de sabão

Há semanas em que tudo dá errado, o café vira, a torrada queima, o ônibus não para, o carro não pega, a vida não colabora. São nessas semanas que temos que parar para refletir e decidir o que nos afetará. O café virou? Paciência, faz-se outro! A torrada queimou? Paciência, faz-se outra! O ônibus não parou? Paciência, o outro vai parar e ter o privilégio de nossa presença! O carro não pegou? Paciência, vai de ônibus e encontra aquele amigo que há muito não se via! A vida não colaborou... A VIDA não colaborou? Tem certeza de que foi ela? Ela colabora todos os dias nos dando a oportunidade de acordarmos para uma nova manhã. Só isso já não deveria ser o suficiente para não colocarmos a culpa nela?

Somos como bolhas de sabão, a vida nos assopra todos os dias para uma nova aventura. Crescemos com seu sopro, ficamos cada vez maiores e dependendo do ponto que olhamos, a bolha de sabão que somos, tem nuances coloridas. Alguns dias não crescemos tanto e estouramos logo. Em outros dias crescemos e passamos o dia “flutuando”, felizes. Nos dias que nos sentimos pequenos colocamos a culpa na vida. Nos dias que nos sentimos grandes só olhamos para nós mesmos e nos esquecemos do sopro que ela nos dá possibilitando que nos tornemos quem somos.

A vida sim tem o direito de reclamar e nos dizer: “Vocês não colaboram comigo!” Deixamos de ver o pássaro que ela mandou nos dar bom dia, pois estávamos esbravejando com o café que virou. Deixamos de ver a mensagem que ela enviou, pois estávamos enfurecidos com a torrada que queimou. Deixamos de contemplar as nuvens que ela desenhou, pois estávamos irritados com o ônibus que não parou. Deixamos de contemplar uma bela paisagem que ela nos deu no caminho do ponto de ônibus, pois estávamos muito bravos por ter que pegar um.

Deixamos de viver as pequenas alegrias, pensando que a vida é mais do que isso, mas não é! Vida meu amigo é a simplicidade, a humildade, a paciência, é o amor, é o encontro, o desencontro (porque não?), é a natureza, é a amizade. Vida é um sopro. Vida é brisa passageira. E a única culpa que ela tem é de não ser mais longa!