Minhas irmãs!
Há poucas semanas estive no velório da minha irmã número dois. Tenho cinco irmãs admiráveis. Cada uma do seu jeito. Umas completamente maluquinhas, mas que sustentam suas casas sozinhas e bravamente. Outras mais ajuizadas, porém não tanto. Nenhuma delas chega a ser séria. Todas as cinco bem palhaças. Uma coisa todas tem em comum: gostam de casa muito limpa. Enquanto estive na casa da minha irmã que se foi, fiquei pensando dentro do lavabo dela, com o cestinho de lixo transbordando, o quanto ela ficaria brava se o visse daquela maneira. Ela tinha morrido pela manhã e a noite a casa dela havia sido tomada pelas pessoas amigas e parentes, noras, filhos e netos. Andei pela casa dela, abri os armários, a geladeira, os banheiros dos quartos de cima... olhei todos os detalhes: a cama arrumada, os tapetes de crochê que ela fazia, as roupas bem passadas no closet, o banheiro com toalhinhas limpas e passadinhas, esperando os hospedes que sempre viam, e pensei o quanto sinto orgulho delas. Minhas irmãs são caprichosas, cuidadosas e muito trabalhadeiras. Fiquei com um tantinho de vergonha, pois sou privilegiada por ser cercada de mulheres, que são boas mães e boas donas de casa, e que tem muito a me ensinar. Eu confesso que sou um tantinho relaxada se comparada a elas. Elas ficariam revoltadas se chegassem meio sem aviso na minha casa. Que nem é tão grande assim, na verdade é minuscula.
Aconteceu algo comigo aquele dia, enquanto olhava a casa vazia da presença da minha irmã. Fiquei pensando que se eu fosse embora de repente como ela foi, como ficaria minha casa? Como as pessoas a encontrariam? E agora, em respeito a minha irmã, quer dizer na verdade em respeito a todas as cinco irmãs, me recuso a deixar alguma coisa fora do lugar. Sempre que entro num cômodo, ou abro uma gaveta, penso no elas diriam se a vissem assim, e arrumo. Gostaria de poder estar mais com elas, deixá-las invadir minha casa, aprender com elas... o tempo nos separa das pessoas importantes, nos aproximam daquelas que muitas vezes nos fazem mais mal que bem... estou revendo meus conceitos. Não me deixo mais levar pelo desânimo, como se a vida tivesse sido difícil demais para mim, e isso me servisse de desculpa para ser menos do que sou capaz de ser. Minhas irmãs receberam menos da vida que eu, e estão lá, firmes, sem reclamar e sem relaxar. Parabéns a vocês: Fátima Romão, Roseli, Sueli, Mara e Silvana Clarice Romao. Um beijo para vocês todas, suas lindas!