Esperanças

Talvez aqui olhando pela janela - céu escuro, manhã nublada, nuvens carregadas, talvez aqui do abrigo onde me escondo, eu esteja protegida do mundo lá fora. Nem a chuva me molha, nem os raios do sol me queimam. Talvez aqui eu me sinta segura, talvez aqui eu seja feliz a observar enquanto a vida passa...

Ilusão! Eu bem sei que meu abrigo é meu próprio tormento, que ao tempo que permaneço no meu porto seguro me privo de toda e qualquer descoberta. Eu bem sei que âncoras me seguram em terra firme, mas também me impedem de voar.

Mas como encontrar a coragem que preciso para adentrar ao mar, se até onde meus olhos alcançam só vejo a imensidão e ela parece se agigantar ainda mais diante da minha pequenez? Aqui dentro tudo parece tão aconchegante feito útero materno, mas o medo insiste em me fazer companhia. Eu bem sei que esse abrigo é um ledo engano. Quem sabe um dia, algum pássaro aventureiro rompa as barreiras do meu próprio eu e me leve a aventurar em ares distantes. Tomara que ele venha.