A mesa
A mesa é o lugar de nos reunirmos. Para discutir, almoçar, resolver questões. Estudar. Podendo haver um tipo de mesa para cada coisa. Mesas que poderão ou terão que ocupar espaços diferentes. Dentro dos objetivos, eleitos por nós, a que devam servir. Mesa de ferro, de pedra, madeira. Oval, redonda, retangular, quadrada.
Não podemos fugir à compartimentalização. Que se sofistica à medida que progredimos. Quanto mais sumários, rústicos somos, menos necessidade temos de classificações, categorizações.
Desse modo, a mesma mesa que poderia ter várias funções, acaba tendo apenas uma, específica. O que achamos adequado e mais apropriado. Dentro do nosso espírito evolutivo.
Assim são os livros, os quartos, os meios de transporte, os produtos de beleza, cremes de barbear, lápis, automóveis e... os homens.
Sob a tentativa de um tipo de raciocínio horizontal, poderíamos talvez dizer que, numa certa extensão, os homens não apresentariam uma diferenciação básica em relação à mesa. “Mas como não?”, poderiam objetar. “A mesa é um objeto inanimado. O homem tem alma”. Ainda que, quando a perde, torna-se da mesma maneira inanimado.
De qualquer forma, teríamos que dar a mão à palmatória. Ou então, passarmos pelo purgatório para ver se eles já classificaram os diferentes tipos de alma por lá.
Rio, 03/07/2018