Os Bordados de Fia
 
Cordonê, bastidores, tesoura de ponta fina,  riscos em papel de seda e máquina de costura. Eram objetos com que a Fia fiava enxovais para toda aquela comunidade. Punha os papéis de seda sobre os panos que  se tornariam toalhas e colchas.
 
E aí era só correr o risco dos traços.
 
Primeiro com o carbono entre o papel e o pano. A Fia enfiava a tesoura nos bordados. Tudo virava renda: bordado e dinheiro. Mas tinha que correr o risco de sua  arte.
 
Noivas corriam os riscos de casamentos: bem sucedidos ou enviuvavam na má sorte. Tudo com vestido que a Fia tinha rendado.
 
Batizados eram feitos com mantas feitas pela Fia.
 
Nas procissões, as janelas eram enfeitadas com bordados que Fia tinha corrido o risco sobre o carbono  para o melhor traço do  bordar.
 
Fia correu os  riscos e  se casou.
 
Foi bem riscado! Mas valeu à pena!  Porque um dos “fios” da Fia produziu  esta crônica poética.
 
O filho da Fia achou que ficou  tão singela que preferiu deixá-la nesta formatação. E não segundo o propósito primeiro quando começou a escrever.
 
Correndo os riscos optou pela homenagem e não a formatação primeira para a  participação naquele grupo de escritores.
 
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 08/07/2018

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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 11/07/2018
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