É uma questão de escolha.
Comparo-nos a uma pequena semente depositada na terra, lançada e esquecida em seu seio frio, deixada para que apodreça e morra com o tempo, contudo, essa morte anunciada e lenta da semente está diretamente ligada à vida, o apodrecimento da sua matéria, é o alimento natural para a nova vida que irá surgir.
Oculta de nossos olhos, no seio materno de Gaia, se revela as primeiras pequenas raízes, se alimentando do último viço de força da pequena semente. Entre a terra e o céu surge o primeiro sinal visível e físico de uma nova vida, uma pequena ponta verde sem forma, que lentamente vai crescendo até surgirem as primeiras folhas verdes.
Agora, uma evidência física visível aos poucos se torna notável, de pequena planta com galhos mirrados a uma frondosa árvore cheia de frutos e vida, com uma sombra maravilhosa, capaz de abrigar todo tipo de vida, das mais pequeninas criaturas, as maiores delas. Sendo assim, aquela pequenina é ignorada semente, tal como a da mostarda dita por Jesus, transformou-se em tamanho e beleza e de maneira nenhuma pode ser ignorada.
Mas essa árvore esplendorosa, essas folhas verdes viçosas que propiciam grandiosa sombra, passará por outra transformação, o ciclo inevitável da vida, o envelhecimento. Suas belas folhas verdes perderão a força e a cor, ficando de uma pigmentação amarelada até vir a cair, e uma a uma, no mesmo processo caíram todas, a forma de sua vitalidade que encantavam aos olhos, agora se resume em um amontoado de galhos secos. Esse, podemos assim dizer, que é o fim de um ciclo, a árvore agora morta poderá ter dois destinos, inevitáveis eu diria. O primeiro; é o seu frondoso caule seco nas mãos de um habilidoso artista, que será transformado, passando para o terceiro ciclo, e esse é imutável, como obra de arte perdurara séculos sendo admirada por todos os que a olharem, a beleza da sua morte transformada em arte. Contudo, devo dizer que este terceiro ciclo se divide em dois, como já foi exposto o primeiro vou agora retratar o segundo, pouco glorioso, e menos louvável. No segundo; o mesmo frondoso caule nas mãos de um lenhador terá o seu destino certeiro em alguma fornalha, sendo queimada, ardendo nas chamas, vindo a se transformar em carvão e depois em brasa, que para nada servirá, sem peso, sem glória, levada ao sabor do menor sopro de vento.
A história da árvore é um espelho que reflete a vida do homem, ela nos mostra como seremos, e que terminaremos da mesma forma que a árvore. A nossa semente germinada no útero materno, está oculta, escondida de todos, e aos poucos aquele minúsculo e invisível espermatozoide passará a crescer, ganhará força e vigor, até o dia que despontará para o mundo, o seu nascimento, o milagre da vida sendo revelado.
Ao divino sopro da vida nas narinas daquele pequeno ser, para se ouvir a sinfonia do primeiro som de suas cordas vocais, o choro, tão belo, inesquecível e comovente. Este pequeno ser vivente diferente de qualquer coisa já criada, irá se desenvolver, assim como a árvore dará abrigo e proteção a seus semelhantes; a sua família será seu principal fruto.
De forma alguma evitaremos o progresso do ciclo da vida, seremos em pouco tempo como a planta sem as folhas, a velhice bater às nossas portas, e a morte é a única certeza da vida. Devo dizer que o ciclo depois da morte é o mesmo que o da árvore. Teremos dois caminhos. No primeiro; é o de ser uma obra de arte nas divinas mãos do criador, enfeitando a sua morada celestial, o segundo é ser o combustível na fornalha infernal do esquecimento, tudo depende de como escolhemos viver. Como eu disse; somos semelhantes à árvore, todavia, temos a capacidade de influenciar no nosso destino final, se escolhemos como viver, e vivemos bem a partir das nossas escolhas, seremos lembrados. Diante de nossos olhos está colocado opções, teremos tempo o suficiente para decidir, entre o certo e o errado entre a arte da vida e o esquecimento eterno, é apenas uma questão de escolha.