Ainda não é hora
Ainda não é hora
Chegamos! Época do tudo falo e nada ouço; do extremismo nos diálogos e nas intempéries discursivas. Não há mais espaço para compartilhar, apenas, lugares marcados com intolerâncias e agressões.
Todos têm a verdade (filha do seu tempo) e regurgitam fragmentações pueris de ideologias compradas em prateleiras vazias de embasamento.
Pessoa, onde há gente no mundo?
Não há mais reflexões, somente, berros e clichés discursivos.
Falar, opinar, silenciar causa medo tal prática. O exército apedeuta, repleto de conhecimento acéfalo, palavras de baixo calão vem rechaçar qualquer gesto ou ato que for de encontro ao determinismo de sua anemia episteme.
Provisoriamente, Drummond, não cantaremos o amor!
Chegou o tempo da rosa murcha e da voz dos tiranos
De languidos intelectuais guiando néscios-cegos
De gurus de redes sociais e de poesias sem sentimentos
De conselhos e egos construídos na fragilidade discursiva
Será que só eu sou errado? Cadê o humano sobre a terra?
'Eloi, Eloi, lamá sabactani!
É hora de cantar o ódio, sofismas, intolerâncias, ranços, discriminações, preconceitos... é a sua hora! É, sua hora.
A minha hora está para chegar. Chico Buarque ao fundo, livros a mancheia e um sorriso de criança (Quem nasceu para ser camelo, jamais será leão, quiçá, uma criança. Cuidado!).
Estou indo embora, vou ouvir o silêncio com Barros e colher o canto da vida.
Quem quiser que venha comigo!
Mário Paternostro