SENSIBILIDADE.
“Aquele que anda de rastros, como um verme, nunca deverá queixar-se de que foi pisado por alguém”. Kant.
O inigualável e prestigiado criador da “Crítica da Razão Pura”, mais do que ninguém, por sua precisa, elaborada e única filosofia, que clarifica as mais impenetráveis indagações, podia com autoridade fazer essa advertência principalmente aos que incorporam as retóricas sobre si mesmos. Negativas ou positivas.
Existem os que se depreciam por vaidade, é a hipocrisia visível, travestida de um mérito inexistente, e por isso mesmo se locomovendo e transitando na vida embalado por complexos que perseguem aplausos como em um circo. São os palhaços sem picadeiro e com plateia de iguais. Só há limite para a estupidez, não para a ignorância, sempre soberba.
Se diminuem os que diminuídos se encontram para tentarem galgar espaços nunca conhecidos ou frequentados. Mas continuam em seus sítios vivendo com os mesmos personagens. São foco da piedade necessária que traga compreensão e paz para a insensibilidade de seus interiores.
Os vaidosos com alguma bagagem se diminuem por perda da sensibilidade de acharem o que não são e postularem as alturas onde nunca estiveram ou estarão. São pobres de espírito.
O amor próprio deve ser medido na mesma balança destinatária dos pesos da vida onde a caridade e a doação pessoal fazem a diferença.
Os simplórios por suas próprias raízes sempre estarão onde viram transcorrer suas vidas sem expressão e nelas se ajustaram e assim permanecem, mesmo lutando para se livrarem dessas marcas que nem os diminuem e tão pouco os deixa avançarem.
A mediação das posições que envolvem amor e sensibilidade não podem estar entregues à retenção das emoções mais nobres. Todos, mesmo os que se denigrem, não são vermes que rastejam e se alimentam da podridão. São assim só os insensíveis que incorporam as faltas capitais, que degeneram a vida e simbolizam a crueldade, a soberba, a inveja, a usurpação, o desalinho da correção com todas as obrigações da consciência sadia.
Os insensíveis são os vândalos do espírito. Se estimassem a humanidade estariam próximos de Deus, ou ao menos da reta caminhada sob o pálio da Lei Moral.