ALTIVEZ.
Nascer e permanecer com a limpeza que todos nós chegamos ao mundo, ter seus passos seguidos pelo respeito e admiração de todos, educados na certeza de afastar o mal, com os pequenos defeitos, pecadilhos, que todos os seres humanos, impositivamente, têm que carregar sobre os ombros pelo destino que a vida desenha. Isso chama-se altivez e muitos têm esse traço, nada que indique uma maioria expressiva ou mesmo número de proporções significativas.
A limpeza da consciência embala e adormece a alma que habita imensa paz e flui na elaboração da crença em melhores caminhos, e para isso concorrem os altivos em ações, palavras e obras.
Nada que assuma soberba se avizinha desses seres, nenhuma posse de encarnar mais valores humanos que seus semelhantes como pessoas, na amplitude da compreensão agregada, cercados de benesses espirituais, altivos em suas crenças e certezas onde não habita a disfunção do saber para compreender e entender o que ocorre na humanidade e no mundo em todas as eras, apenas estão seguros que foram sempre bondade e desvelo puro com os pais, solidariedade e socorro com irmãos e irmãs, atendendo-os com presteza, presença e conforto com os parentes, caridade e ajuda com o próximo, todos, mesmo e mais com os simplórios, honestidade e retidão nas obrigações com a sociedade a que pertencem.
Incapazes de desvios de qualquer natureza como meta natural que circula em seu original ácido ribonucleico.É o sangue que movimenta seus ideais e sua caminhada.
Esta investidura, altivez, etiológica em DNA ancestral inclusive como filho mais linear de David, traz o reconhecimento não pretendido e expressado “à mancheias”, alcançado no altar da humildade pelos altivos, embora rodeados de reverências que recusam,ainda que enaltecidos em histórias festejadas e contadas por todos, próximos ou não, do testemunho de suas vidas.
O mérito a eles chegado pela origem cultivada sem anseios ou pretensão das vaidades vãs, aliado ao trabalho e faculdade de servir, alimentam o caminho que lhes dá o retorno da satisfação colhida. Sabem da efeméride veloz das conquistas no terreno da boa vontade cuja memória não pretendem arraigada a não ser em seus prolongamentos.
Essa é a personalidade altiva daqueles que compreenderam que a vida não é pessoal, a família não é fragmento, os deveres não são dos outros, o respeito é dogma permanente e o Estado nasceu para servir ao bem comum.
Os que assim não se conduziram, inventariam em legado, ainda vivos, a usura perpetrada contra si e contra todos, a sonegação verificada com aqueles que já se foram e ficaram credores de acolhimento, ajuda e presença, a distância do respeito pela ausência de sua prática, do menor ao maior cometimento, a noção errada da função do Estado por só se servirem dele para vantagens pessoais, exercendo ou não o Poder.
A altivez caminha junto a poucas pessoas, mas elas são reconhecidas pela sociedade, e reverenciadas, nas ruas, nos salões, nas praças, em todo lugar. A elas, permanentemente, se prestam homenagens sem que as pretendam. São mais do que pretenderam, o mérito chega pelo exercício do merecimento, são maiores do que o reconhecimento, que não os modifica, isto por serem menores em créditos e aplausos que muitos perseguem e que aos altivos chegam em turbilhão em todos os momentos, sem que deles necessitem, e indiferentes agradecem.
Para eles têm pouca significação, estão acima de vaidades, são mais simples que a simplicidade, mas nunca simplórios, mais humildades que a humildade, mas nunca servis, mais criativos do que a criatividade que poucos alcançam, sem soberba ou assumir gloríolas que sabem serem menores e transitarem como passageiras fúteis de uma temporalidade de uma vida breve, enfim, são altivos, mirados e apresentados nas ruas por conhecidos a outros como pessoas singulares, com galas que imediatamente recusam, apanágios que procuram desfazer de pronto.
Deixam rastros marcantes de almas pensantes pregadoras dos melhores caminhos no préstito humano, diametralmente diversos dos que buscam objetivos associados ao mal, e que nunca conseguirão serem ouvidos em auditórios limpos, onde muitos os esperam para serem beneficiados pelas falas que fazem crescer, e se doam pelo que receberam com prazer e alegria. São concedentes da dádiva recebida, e não sofrem da usura da retenção nem da disfunção de compreender para o que vieram. E ensinam o que lhes foi dado.