ELEIÇÕES. ANALFABETISMO FUNCIONAL.
O primeiro balanço parcial do recadastramento de eleitores, encerrado no último dia 7 de maio, registra um aumento de 6 milhões de novos inscritos que estarão aptos a votar nas eleições de outubro deste ano. Há universo de 150 milhões mais ou menos, aproximadamente,de aptos a votar.
O analfabetismo absoluto tem treze milhões a quatorze milhões de brasileiros. Digamos 10%.
Mas não só nisso tropeça a representação.
O Analfabetismo funcional, configurado como limitação para redigir textos singelos sem muitos erros e principalmente compreendê-los, é um vasto e impressionante número entre os brasileiros, trinta e cinco milhões aproximadamente. Expressivo, gigantesco e alarmante. Não em vão a representação é o que temos visto, granel de troca da pior qualidade. Voto é interesse, qual?
Aproximados cinquenta milhões à margem do entendimento, compreensão é especiaria para poucos. E em grau menor, entendimento é sofrível.
Analogicamente, em digressão, temos um retrato sociológico político-institucional brasileiro em números com fatos passados. Incontestável. Os números fazem o “noves fora”.
São 150 milhões de eleitores inscritos, aproximadamente, como em memória estatística gravado pelo último pleito presidencial. Votaram 115 milhões, essa quantificação foi às urnas. Metade em disfunção absoluta ou relativa.
É só uma constatação, numérica, sem críticas aos desfavorecidos de maior discernimento, não são culpados pela disfunção ou necessidades materiais mínimas, estão sujeitos às condições de penúria conhecidas. Movem-se pela necessidade, o que é legítimo. Voto é interesse puro, nada mais, interesse e troca no casuísmo.
Critico somente aqueles que por anos seguidos negaram educação ao povo, entre outros direitos, para que esses direitos em maior escala fossem absorvidos e possibilitassem escolhas melhores. Alguns acham, puro achismo, que se situam bem quando nada mais fazem do que serem “paus mandados” do populismo, como ocorrido na Venezuela, são carentes de tudo e acham que o “salvador”, populista, lhes dará pão, remédios e algum circo, basta.
No momento mundial, nada melhor que a computação aliada à comunicação entre pessoas e globalmente, para subsumir, inferir mesmo para os de maior rusticidade compreensiva, quadros de amostragem.
Li ontem por aqui alguém que disse saber estar sendo roubado, mas não muda de posição. É psicótico, ninguém quer o mal para si depois de conscientizado de que foi roubado. É a história deprimente do Brasil, o “rouba mas faz”. Faz o quê? Um nada para o muito possível, e roubam muito.
O analfabetismo funcional acelera seus passos no Brasil, a internet é o maior e melhor testemunho, é só frequentar a internet em toda sua dimensão, sites, blogues, manifestações em geral, este o instrumento maior e capaz de racionalizar, radiografar. A primariedade é absoluta.
Basta dizer que aqueles que por pouco tempo usufruíram melhorias em razão de condições pontuais, agora cassadas – moeda estável, reservas e importação de commodities - defendem os desvios confessados. Puro analfabetismo funcional.
E destaque-se, o título de Mestre outorgado somente para quem faz mestrado ou concedido em lei pela notabilidade de cargos ou doutoramento, “rola” na dicção de internautas dirigidos a qualquer um que mal sabe rudimentos da gramática, muito menos conhecimento geral ou articula algo de interessante em ideias, a não ser simplórias comunicações, legítimas, mas comuns, tolas, infantis, nada que o curricular não conheça. E estamos cheios de tantos professores, há uma escola virtual permissiva, aceita por esse alunado satisfeito com iguais. Os iguais se aplaudem.
É a velha disfunção, analfabetismo funcional instalado com largueza. Aceita-se qualquer coisa.... O analfabetismo político e o funcional andam de braços dados. São irmãos gêmeos univitelinos, idênticos. É só avaliar números. É a cena desenrolada e assistida por quem avalia a internet.
Não faz muito tempo, a inscrição para participar do pleito, ser eleitor, evidentemente necessitava do requerimento que deveria ser preenchido pelo requerente nos espaços em branco, local de nascimento, filiação, etc.
Como os pretensos eleitores só sabiam desenhar seus nomes, os funcionários do cartório preenchiam o requerimento indagando filiação, nascimento e data, domicílio, etc.
Revogada essa permissão, ou seja, os requerentes deviam preencher requerimentos do próprio punho, sem auxílio cartorário, de forma a não inscreverem-se analfabetos, a inscrição caiu em 70%. Lamentável situação que não se erradica.
Conforme dados à época de 2005 do IBOPE, no Brasil o analfabetismo funcional era de 75% da população que não possui o domínio pleno da leitura, da escrita e das operações matemáticas. O problema maior está na região Nordeste. Ainda assim ocorre. Onde o populismo mais se favoreceu.
Essa situação de tão altos números de analfabetismo funcional no Brasil deve-se à baixa qualidade dos sistemas de ensino público e à falta de hábito e interesse de leitura do brasileiro. Não mudou para melhor.
Falar em Europa e sua cultura milenar, seria e é exacerbar comparativamente, continente do renascimento, da cultura sofisticada, onde todos estão nas praças com livros nas mãos dos grandes escritores clássicos e atuais. Falemos na cópia brasileira péssima, no copismo por gosto imitativo, os EUA, país em que no metrô Sidney Sheldon e Daniele Steel, paupérrimos em literatura de estirpe, transitam nas mãos dos americanos. Mas pelo menos leem.
O Brasil em educação faz muito tempo está de cabeça para baixo. Pela representação política, os eleitos, com raríssimas exceções, constata-se o preparo dos representados, lastimável, confira-se a internet, ultimamente isto tem se agravado, enfim chega-se a uma desastrosa situação como a atual. Analfabetismo funcional e político estão de mãos dadas em tudo e por tudo.
Estamos nas portas da eleição com quadro conturbado e com esse espaço de disfunção incontrolável onde o posicionamento do eleitor é o mesmo de sempre em relação à educação.