CHEGADAS E PARTIDAS.

Como perdemos tempo nessa curta, complicada e maravilhosa vida. Por quantas vezes estivemos na estação de trem e estáticos com os olhos a derramar lágrimas, acenávamos para quem partia? Quando na verdade, deveríamos avançar e viajar dentro ou não, do comboio, mas na mesma velocidade que ele.

Quantas vezes, tomados pelo medo do novo, do porvir, do inusitado, trancafiamos sonhos e engavetamos desejos?

O trem tem suas paradas. Quem vai? Quem fica? Quem ousa? Quem teme? O trem para! A vida, não. A vida segue e, segue feito trem bala.

Muitas vezes, nem ao menos, a velocidade da vida permite que olhemos as paisagens. Corremos riscos? Ora...só não corre riscos quem já foi riscado da vida. Até mesmo as árvores com suas raízes fincadas na terra, correm riscos. São arrancadas, dilaceradas sem nunca terem feito mal algum a quem quer que seja. Sim, corremos riscos, o trem pode descarrilar, mas a vida não pode parar.

A “loucomotiva” vai em frente.

Embarquem! Lotem o trem! Subam! Subam os “loucos” pela vida! Não fiquem parados na estação! Despedidas doem, pra quem fica, pra quem vai. O trem avança, não há marcha à ré. A viagem é longa. Noites de completa escuridão, atravessará o trem. Ainda assim, haverá astros de luz iluminando o longo percurso. E quando menos se esperar, o espetáculo de mais um lindo amanhecer será parte de um perfeito cenário na transparência da janela do trem.

Elenice Bastos.