Paisagem morta
Restos de rio dormem no seu leito. São meras poças estagnadas secando ao sol. O barranco lembra e a tudo assiste contrafeito. Onde a bela corredeira, trazendo os peixes que iam pra feira? Onde o barco e seus remadores, a rede trançada, feliz ao ser lançada por braços madrugadores?
Ali bem perto o fantasma da fome se alimenta do que resta dos bois. Uma trilha em ziguezagues avança pelo capim seco, passa ao lado de um juazeiro, que destoa de tudo com seu verde teimoso, e segue em direção ao que resta de uma choupana de pau a pique com as amarras de cipós já a vista. Tudo parece morto, tudo é devastação.
Da terra ressequida sobe um vapor que arde na vista e faz a paisagem tremer como se dançasse nos estertores finais. No alto, uma enorme redoma azul cobre este pedaço de terra que se chama sertão.