Círculo vicioso

CÍRCULO VICIOSO

Peter Pan era um menino que não queria crescer e, no entanto, vivia em sua ilha de fantasia, como se fosse num mundo adulto. Havia o chefe, que era ele; havia o anti-herói que era seu competidor e objetivava seu lugar; tinha um conselheiro que era a Fada Sininho e, também, o Capitão Gancho, um pirata que sonhava em conquistar a Terra do Nunca. Por falar nisto, que nome tão estranho para um suposto paraíso, para onde só iam as crianças que não queriam crescer; devia ser a Terra do Sempre! Havia ainda a menina Wendy, seqüestrada por ele, para ser sua companheira.

Se quando somos crianças sonhamos em sermos adultos, porque quando crescemos desejamos que isto nunca tivesse acontecido? Por causa da insatisfação natural do ser humano?

Para mim, pessoalmente, esta incoerência eu acho que não existe. Assumo todas as responsabilidades que a maturidade nos impõe: obedeço à Lei, cumpro meus compromissos nos horários estabelecidos, ouço os amigos em dificuldades, consolo os aflitos e perdôo os arrependidos. Mas nas horas vagas, brinco de casinha, construo castelos de cartas e sonho com o amanhã. Tenho no hoje a criança que fui convivendo harmoniosamente com a adulta que sou.

Quando olho ao meu redor, vejo “Peter Pans” por todos os lados: na família, nos amigos, nos amores. Talvez seja por isto que me sinto, às vezes, ilhada. É como se o pessoal da Terra do Nunca tivesse debandado para o meu mundo e me deixado só na Ilha deles, sem transporte ou “pó de pirlimpimpim”.

Como solução tenho que criar personagens reais para esta fantasia e recomeçar sendo criança de dia e, à noite, adulto para amar.

Gilda Porto
Enviado por Gilda Porto em 04/09/2007
Código do texto: T638131
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.