O jovem Jim Morrison!
Uma disco na mão, uma camiseta cult e absolutamente nada na cabeça!
""Sabe, por um curto período da minha vida , porém maravilhoso e inesquecível, eu andava com uma turma muito culta, inteligente, liberal, de esquerda e artisticamente sofisticada(eram o que diziam de nós. Não que eu achasse isso, eu NO FUNDO pensava exatamente o contrário ). Um desses "amigos", que mais tarde enlouqueceu na sombra do pentecostalismo de quintal, andava sempre com uma camisa do Nirvana e do The Doors, e SEMPRE TINHA EM MÃOS um disco da Janis Joplin, uma artista que admiro por algumas questões(a voz, por exemplo) mas de quem nunca gostei realmente. Depois descobri que aquelas idas e voltas pelos pátios da UFC com aquele vinil era apenas para emprestá-lo axs alunxs.
Certa vez, numa festa do aniversário de alguém, em certo bairro de Fortaleza, esse meu sofisticado amigo, que com o tempo mostrou-se não ser tão amigo assim, tampouco sofisticado, colocou esse disco, que tinha apenas a mendiga e a drogada da Janis na capa, para tocar. Começamos a tecer algumas conversas sobre política, sexo, religião e outros temas que sujeitos pedantes, quando embriagadxs( e sóbrixs também), costumam fazer. Mesmo sob o efeito do álcool, percebi que o dito cujo com a camisa do Jim Morrison, na segunda ou terceira música, não me recordo a sequência, já estava de saco cheio daquela chatice, assim como todxs ox presentes, SEM EXCEÇÃO! Mas ninguém disse nada. Alguns coçavam a cabeça e faziam aquela cara de enjoado ENTORTANDO A BOCA(meu caso), outrxs se faziam que gostavam do que ouviam. Eu ia pedir para mudar o disco. Havia uma música que não tinha fim, e tornou-se um tormento insuportável na festa(Ball and Chain ou Work me Lord ? não lembro). Até mesmo para o "GRANDE FÃ DE JANIS" que, não suportando o agouro sonoro a que ele mesmo se submeteu, retirou o vinil e colocou um CD da CALCINHA PRETA( o volume 12). A desculpa dele foi engraçada, mas não me convenceu: "vinis não prestam não, chiam muito." Eu concordei e complementei, como bom falastrão: "é verdade, não presta não, por isso você vive emprestando. Melhor colocar um som mais limpo. Ele me olhou atravessado e fez aquele gesto "NÃO" com a cabeça.
Naquele noite, TODAS CANÇÕES da Calcinha Preta rodaram, sem interrupções, e com direito a BIS de algumas músicas. Depois vieram RPM, Legião e muitas outras coisas legais. Percebi, naquela oportunidade, que preferia escutar mil vezes MANCHETE DOS JORNAIS da Calcinha Preta a ouvir os berros da Janis em "Work me Lord".
Trecho de "As crônicas de uma juventude real num mundo irreal"