O começo. Ah, o começo de um relacionamento onde tudo é lindo, perfeito e numa metrópole como São Paulo, por exemplo, só existia nós dois. Vivíamos e respirávamos nossas vidas.Vivendo um grande amor, cometi um pecado grave: Abandonei meus fiéis amigos por causa de um relacionamento.
         Num jantar no nosso restaurante preferido fui julgado culpado. Pedi desculpas, tentei me justificar dizendo que ele era perfeito, minha alma gêmea, mas não funcionou. Durante o jantar fui perdoado, me diverti muito e me sentia a pessoa mais feliz do universo. Mas como nada dura para sempre, quando estava saindo do restaurante, vi meu grande amor com outro na maior intimidade. Fiquei paralisado. Ok, nunca tínhamos conversado sobre exclusividade, apenas achei que esse detalhe já estaria implícito na relação, mas para ele, parece que não. Será que as pessoas hoje estão com aversão a monogamia? Numa cidade como São Paulo, cheia de possibilidades, ser monogamo é muito sacrifício? Se a monogamia tornou-se obsoleta, por que discutir a poligamia num relacionamento ainda é proibido?
          Meu melhor amigo resolveu me fazer companhia em casa para me consolar e teve que ouvir todas as minhas lamentações coitado. Olhei sério para ele e metralhei: Na poligamia existe a pessoa mais importante do relacionamento, aquela para quem voltamos sempre, a matriz? As regras valem para os dois? A palavra traição vai ser abolida ou será apenas permitida? Meu pobre amigo atônito, apenas disse taxativo: A grande vantagem da poligamia é que os crimes passionais deixarão de acontecer, já que a traição vai deixar de existir. Respondi na lata: Não necessariamente. Hoje tive vontade de matar dois no restaurante.
          Sempre vimos no mundo a poligamia masculina, mas de uns tempos para cá as mulheres resolveram recuperar o tempo perdido ou dar o troco, sei lá. Uma amiga me disse certa vez: Tenho um amante e é ele que segura meu casamento. Ele é meu sonho, minhas fantasias e minha liberdade. Droga, mais um ponto para a poligamia. Mas quem liga né? Afinal o que importa é o prazer. Ou não?
          Com o dia amanhecendo, o sol nascendo, cheguei a conclusão que sou obsoleto e fora de moda porque não divido meu amor com ninguém e ponto final. Claro que meu amor perfeito, minha alma gêmea caiu fora e eu fiquei sozinho. Então aqui vai um conselho: Nunca, em nenhuma hipótese, abandone seus fiéis amigos por nenhum amor. Amores passam, amigos ficam e na amizade a poligamia não só é permitida como também é uma delícia.
          I have spoken!!!!
José Raimundo Marques
Enviado por José Raimundo Marques em 30/06/2018
Reeditado em 30/06/2018
Código do texto: T6378427
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