Corre Sapato
Grita o despertador, pula da cama, põe o café no copo americano, passa a manteiga no pão francês. Um banho corrido, com lux de luxo e shampoo koleston, dos cabelos molhados o tempo cuida. Descansa da véspera os sapatos no armário, talvez sob a cama, os pés os procuram.Corre, pega a bolsa, cadê a carteira ? Cadê o dinheiro? Mira o relógio,veste as meias, veste os sapatos. Bolsa no ombro, não esquece a marmita. Cadê as chaves ? Da porta e do carro ? Hoje é rodízio, corre pro ponto, o ônibus já vêm. Chegou atrasado !! o próximo demora, melhor o metrô. Sapatos que correm, desce a rua, dobra a esquina, entra na estação. Fila na catraca,o vagão é pequeno, empurra e se ajeita, empurra mais um pouco.Pede desculpas, pede passagem, viagem que segue, muito solavanco.Que ar carregado, de avanço à natura, dá até tontura.Marmita na bolsa, chacoalha o feijão, quase caí pra fora.Chegou a estação, vaza do vagão, gente que corre, pra onde vão?Corre da estação, já foi o outono, o tempo que encolhe.O relógio que cobra, o patrão que aguarda, a bronca é certeza. O carnê não espera, prestação todo mês, a vida é cara de marcas e rótulos. Chegou o fim do dia, que dia é hoje ? Volta tudo pra trás, caminho de casa.Amanhã mais um dia, uma cópia do hoje, vida capital de sonhos abafados. Neste tempo medido o mais curto é a vida.
Gladyston Costa