RIO

RIO

Quando eu vi o Rio de Janeiro pela primeiríssima vez, através da janela do avião (janela que eu fiz questão de implorar no “check in” ao funcionário da Azul) a primeira coisa que pensei foi na música do Tom Jobim feita para homenagear a cidade:

“Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro (...) Rio seu mar, praias sem fim; Rio você foi feito prá mim”.

Não era só o aeroporto que merecia o nome do maestro. A cidade deveria se chamar Jobim de Janeiro, pensei comigo.

Porém, o avião não pousou no Galeão, mas no Santos Dumond, na área central da metrópole.

Lá mesmo, na Baia da Guanabara, eu vi o barquinho a deslizar no macio azul do mar – o que já me emocionou.

Foi impressionante perceber que minha alegria atravessou o mar e ancorou na passarela, pois eu vinha de Lisboa, após tentar a vida, sem muito sucesso, no clima frio do estuário do rio Tejo.

Era fim de tarde, de tempo firme, mas não em Itapuã. Era no Rio de Janeiro, onde da janela do Hotel, eu veria o Corcovado, o Redentor: que lindo!

Vi a ponte Rio-Niterói passando, a água brilhando e a pista chegando: e ouvi o solavanco do avião ativando seus freios aerodinâmicos.

Quando sai no saguão do Aeroporto, meus passos foram rápidos, pois só tinha uma mochila e precisava achar o Hotel na área.

Era um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes, vindo do interior – logo: hospedagem era uma necessidade.

Ao andar de ônibus pela orla de Copacabana, esta semana o mar sou eu. A praia fazia espuma por causa de suas infinitas ondas, que se tivessem as velas do Muripe, jogavam minhas mágoas nas águas fundas do mar.

E eu mandei às favas o ônibus. Desci e fui viver do Leme ao Pontal, não há nada igual no Mundo. Tomei guaraná, suco de caju, mas goiabada eu não fiz questão na sobremesa.

Mas prá quê, prá quê tanto céu? Prá quê tanto mar? Como Deus pode ser tão caprichoso com um lugar e esquecer o meu sertão.

Mas o Luar do sertão, no Céu de Santo Amaro, eu não comparo com o do Rio não, com os navios ancorados a esperarem os fogos de Copacabana, na virada do ano. Enquanto eu, no sertão, apenas deito no chão, sozinho, e penso no universo em nós, pela força deste amor que nos invadiu.

Se o mundo inteiro me pudesse ouvir, eu falaria: não tenham medo do Rio de Janeiro. Não é Nova Iorque considerada o topo do Mundo? Pois bem: o Rio de Janeiro é o Jardim do Éden do Mundo, pois a Floresta da Tijuca ainda guarda todos os animais que Noé salvou no Dilúvio.

Não sei o motivo que faz o Rio de Janeiro ser dominado por tráfico de entorpecente, pois a paisagem do Rio já é um entorpecente que eu preciso injetar todo ano em mim, meu ponto turístico eterno.

LUCIANO DI MEDHEYROS
Enviado por LUCIANO DI MEDHEYROS em 30/06/2018
Reeditado em 30/06/2018
Código do texto: T6377880
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