Homem: O eterno caçador
Durante milênios a mulher foi caça e propriedade do homem. Ele sempre olhou para ela com olhar de cobiça. Já era assim nos tempos pré-históricos O respeito e a dignidade da mulher foram adquiridos aos poucos, mas até hoje o homem ainda conserva o instinto caçador e o demonstra até sem perceber. Basta notar o olhar perscrutador do homem quando interrompe o que está fazendo para observar a mulher que passa. Há os mais diversos tipos de comportamentos nessa ocasião. O homem religioso fala ou pensa: “Que bela filha de Deus”. O carente suspira: “ai, ai...”. O casado pensa: “O que estou perdendo.” O solteiro imagina: “merece uma cantada.” O sem vergonha exclama: “Gostosa...” O cafajeste agride com palavras e gestos obscenos. E ainda há os tímidos que só olham com o canto dos olhos, deixam a mulher passar, e então se voltam para trás, discretamente, para examinar. De qualquer forma o homem sempre olha a mulher que passa, instintivamente, até sem pensar. É o hábito; é o uso do cachimbo que deixa a boca torta; é uma anticultura milenar. No entanto a mulher quando foi esculpida por Deus, foi para ser a sua obra prima. O Homem estava sozinho no Paraíso e estava infeliz porque entre todos os espécimes, só ele, o rei da criação, não tinha uma companheira. Deus entendeu a sua solidão e tirou do seu lado esquerdo, logo abaixo do coração, a costela que se transformaria em sua rainha. E o homem vibrou de felicidade: “um homem para uma mulher, uma mulher para um homem.” Com a rebelião dos homens veio a expulsão do Paraíso e a concupiscência. Daí para diante uma mulher não seria suficiente para um homem. Salomão e David tiveram mil. Nos tempos modernos, com o advento do Cristianismo, a poligamia institucional terminou. Mas aquela que está encravada no coração do homem persiste e o mantém sempre em estado de caça, até inconscientemente. É um lobo que precisa, para se acalmar, encontrar um chapeuzinho vermelho que saiba usar a coleira. Não digo que todos são assim. Há muitos que lutam contra essa inclinação e olham a mulher, não como objeto, mas como obra sublime do Divino Escultor.