Belisque-me, por favor.

Houve um tempo em que ser inteligente era o grande desafio, e as famílias primavam por essa conquista, sem dinheiro ou escolas particulares os filhos eram colocados em colégios públicos de qualidade. Onde os conhecimentos pragmático e científico eram trabalhados com foco na formação e no desenvolvimento de seres que fizessem juízo das mais variadas situações. Não eram todos que tinham acesso à escola, mas eram todos cujo os pais, pilares da casa, insistiam. Assim, a família impunha-se, também com qualidade; tínhamos, então, uma dupla aliança com extremas competências de valores e exigências: Escola e Família. Ainda não distante de tudo isso, contávamos com uma mídia que interferia de forma ativa na cabeça daqueles pequeninos. Entretanto, uma mídia que ensinava, que dava condições de mostrar de forma gratuita os diferentes universos - infantil - juvenil e adulto. A mídia era posta a bem da sociedade, de sua formação e informação, tinha em seus primórdios o status da responsabilidades, seriedade e serenidade, tínhamos então uma tríplice aliança cultural – Família, Escola e Mídia. Não muito distante, ainda encontrávamos as igrejas dando uma formação ética, cidadã, voltada a valores morais; finalizando assim, uma poli estrutura ou quadrupla estrutura. Sorte de quem vivera esse período. Pois, com a abertura midiática, um faz de conta, que não se preocupou em continuar seu papel social, mas, estruturou-se na economia capitalista acima de tudo, principalmente acima dos valores sociais, extorquindo-os, modificando-os e fazendo se valer de novos valores, como verdades absolutas, e deixando parecer retrógrado quem o desafiasse em pensar contrariamente. A todos, deu acesso a informação, mas não àquela que outrora existirá, a não ser que pudesse pagar um canal por assinatura; o foco do novo sistema, era fazer da mídia um instrumento tão popular que ninguém conseguisse viver sem ele. Foi criado nesse novo universo, montado sob os olhares de manipulação e de milhares de dólares, que os vendedores de ilusão se estabeleceram, não obstante, a coisa foi ainda mais longe, banalizar era o foco, quanto mais banal mais popular, mas expectadores ou telespectadores; esqueceram-se os princípios, vulgarizaram o cotidiano, amassaram o papel de cidadão formado a décadas, e propuseram um novo estilo, sem estilo. Nesse contexto, seguiram-se as formações familiares, as estruturas escolares e até mesmo as religiosas. Desmontaram a estrutura quadrupla. Lançada cada parte a interesses próprios, o financeiro, manipulador, vendedor, faccionário, lubridiador, enfadonho, de informações vazias. Tal qual os sermões que levam, à apenas, recolher os dízimos, ou a escola que vende o conhecimento, junto a pacotes de apostilas e projetos distantes da realidade local, não insere conhecimento, mas o incinera. Ou ainda de uma escola popular que promete reformas e padrões garantidos, desde que não comprometa os orçamentos. Os lares, bem..., esses ainda possuem camas, alguns, mesas, mas longe dos ideais básicos de sobrevivência e respeito. A mentira está estabelecida, como elemento de sobrevivência de todas as organizações que outrora fora referência formadora. Não suficiente, agora os “fakes”, a mentira dentro da mentira, com teores de realidade, não sabendo tão pouco distinguir o ilusório e o legítimo. Um passo do caos. Um dia disseram me que teríamos um anticristo o qual não saberíamos identifica-lo do Cristo, e que até os mais sábios e religiosos cairiam se os tempos não fossem abreviados. Vejo que o real e o irreal já estão a confundir, desorientar e desordenar conceitos de éticas que transpassam todo o sistema de vida na face da terra. Não tendo mais norte a seguir, sem padrão cultural, invade-se a privacidade alheia, roubam, estragam desfazem, corrompem, pelo simples prazer de uma gargalhada. Não decodifico a sã consciência se não pelo puro instinto. Venda me os olhos e vende-me o caos, quando tudo isso passar, belisque-me para ter certeza que não fora um sonho.

Paulo Sergio Barbosa
Enviado por Paulo Sergio Barbosa em 28/06/2018
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