Onde enterrou seu umbigo?
Onde enterrou seu umbigo?
Estava aqui a questionar-me sobre a desigualdade racial que tem se mostrado em pauta mais uma vez, e leio manchetes como: Desigualdade racial no Brasil, Racismo provoca maior enfrentamento, ... , e seguem as muitas manchetes do dia tematizando a visão separatista, entre tantas há aquelas que dão até um ar de valorização a tal desigualdade.
Algum tempo atrás houve uma febre de idiotas querendo desmembrar o norte e nordeste do restante do Brasil, e olha, que não eram poucos, certamente, são os mesmos idiotas que buscam usar da cor da pele para ocupar-se de glórias que não existem. Fazendo-se maiores, supervalorizados, fixando e autodenominando maiores. Maiores em que?
Talvez, se a população lesse mais, refletisse mais, buscasse mais conhecimento e sabedoria, esse brasileiro, de visão dicotômica, sairia desse mundinho ridículo estruturado por divisões de grupos sociais, por religião, por cor de pele, por região geográfica, por nível social, por sotaques, por aparências físicas, por nível educacional, por status empregatícios, por idade e assim por diante. Preocuparia em ler filosofia, sociologia, em dominar a língua pátria, em conhecer e refletir sobre outras culturas e povos, gastaria o tempo enriquecendo -se culturalmente, apropriando-se de diferentes saberes, compartilhando-os. Não teria razões de discutir assuntos que nos arremetem a ideia do Apartheid. Como poder ouvir em mídias sociais pessoas solicitando a divisão do pais por grupos étnicos, sociais, regiões e ultimamente até por afinidades políticas?
Que democracia e essa cujos os valores a cidadania foram esquecidos? Se faz necessário e urgente abrir mão do egoísmo excêntrico, do mísero saber que trava o avanço da nação como nação. Das discussões, debates fincadas na estrutura de argumentos vagos, fundamentados na falta de conhecimento histórico. Chamamos a isso de discurso vazio, ou mais popular, de conversa de coisas bestas ou conversa fiada.
Que esses pensamentos separatistas já deveriam ter sido banidos da mentalidade brasileira é fato. Entretanto, ainda causam ecos, que entristecem a alma, e incomodam a razão, pelo simples fato de serem como ervas daninhas lançada numa planície; são poucos, mas estão lá, visivelmente destacados, impregnando a sociedade, fazendo-se forte, aparecem nos gestos, nos discursos e programas de humor, nas piadinhas do grupo e, pior do que tudo isso, agora, concatenado ao discurso do eleitor, quando este ou aquele defende princípios que não deveriam ir além do proposto pela simpatia partidária. Obscuro apedeutismo, nunca fizeram uma leitura seja de Karl Marx, Che Guevara, Maquiavel, Dante, ... livros básicos a uma reflexão, e possíveis motivadores à mudanças de paradigmas. Claro que dentre outros tantos, essa bibliografia é um petisco, que pode abrir apetite para muitos outros. Retomando a indignação do cisma proposto, ela só se faz, pelo números de postagens que tenho lido, inclusive, de pessoas que se dizem muito religiosa, outras, totalmente letradas, que argumentam de forma a lhe deixarem perplexo. Não que eles tenham uma tese estruturada em pensamentos lógicos científicos, mas têm se fortalecido em números. Dizer que é vã preocupações! Que há e ser. Mas pode-se tropeçar em ervas daninhas em pleno pastos verdejantes, sem dizer, que se não estruturar um país à leitura e reflexão que possam formas a consciência e romper com ideais inconsistentes, realmente seremos tribais.
Gostaria sim que houvesse a mesa debates de diferentes olhares, ainda que fundamentados aos absurdos diante de minha compreensão de sociedade, mas que esses apresentassem leituras e ideais, pareceres, os quais ampliariam minha capacidade de ver o universo a qual estamos circunscritos. Nessa dimensão de razão e razão desafio, não numa quebra de braços, mas num tabuleiro de xadrez, onde a intelectualidade esteja acima do vigor das forças corpóreas que incitam a busca de fugas, ao invés saídas estratégicas.
Há convergências que oscilam numa nação que ainda gatinha à compreensão do que é democracia, desconhecer em grande escala o processo empírico de formação da nação brasileira, não é surreal, mas o mito está além disso; a maioria desconhece a si mesmo. Não se preocupará em saber a raiz de seu próprio sobrenome, lançam sementes a todo o pasto, sem saber o que estão a semear, não enxergam as semelhanças, as riquezas que de Norte a Sul de Leste a Oeste, propõe, que somos tão diferentes e tão iguais quanto somos dentro de nossas próprias casas. E são, exatamente, essas semelhanças e diferenças que nos colocam afrente de potencias mundiais que contudo, possuem acesso à leitura, condições de superávits acima da média mundial, mas estão longe, extremamente longe de uma democracia, vivem verdadeiros devaneios fantasiosos de liberdade. Longe desse misero pensamento, a geopolítica brasileira, colabora, enriquece, favorece e incentiva constantemente estarmos olhando para esse imã, que ora nos atraem e ora nos repelem, num ciclo vicioso de características que pungem o coração de todos aqueles que antes de amar seu próprio umbigo, amem o solo o qual este está enterrado.