LITERATURA ARISTOCRÁTICA E POPULAR.

“Grande erro é supor que existe uma literatura aristocrática e eternamente para poucos”. João Ribeiro.

O monumental João Ribeiro, ensaísta, crítico, expoente da Academia Brasileira de Letras, quando sua composição era mais purista que política, um dos maiores mestres de nossa língua, a quem Houaiss reverenciava, o sergipano de cepa que conhecia alemão vastamente e outras línguas sem ser pernóstico, cunhou a frase encimada.

A recepção da boa fé afasta os erros sem consertos, enganos gigantescos e os temerosos e pretendidos aplausos recebidos pelos ignaros, da ignorância.

Goethe, cultuado por Ribeiro, apontava que comum ao gênio e ao simples talento, essa popularidade “é a que assenta sobre o gosto, enquanto a obra do gênio é a que assenta e se firma no caráter do povo”.

Transponha-se esse profundo ensinamento para as variadas “críticas” hoje feitas ao veículo ferramental elétrico da internet, pela crítica sempre saudável, mas desaparelhada por vezes, sem somar, mas objeto de avaliação, e veremos o nível nacional da desinformação, explanando para o que não se conhece na área científica entre outras aventuras, com "desenvoltura" surpreendente, em "achismos" inconsequentes, hoje "escola", resvalando para vidências ausentes de condição conceitual, flanando no imaginário, mera insciência arraigada. Embrião forte etiológico. Impossível de alterar. Não se muda DNA.

"As obras dos homens investidos de genialidade são populares, em contrapartida, também o são as simplórias “prosa e lira” dos pequenos e insignificantes escritores”. João Monteiro.

Assim afirmava e assentava o grande acadêmico João Monteiro. É esse identificador a que chamamos caráter dos povos; isso para quem realmente lê, passa a vida com livros nas mãos. Mas concorre a ceguidade e falta de sensibilidade dos "críticos de plantão", reiterados no discurso mais mudo de propriedade que boto de análise, e a isso aludia João Monteiro para a crítica especializada, alguns notáveis críticos. Mas não tinham os cem olhos de Argos, figura mitológica grega para discernirem a obviedade. Hoje nem crítica temos com densidade. Assim nem os dois olhos aos críticos contemporâneos serviriam para tentarem ver banalidades historiográficas.

Sófocles, Virgílio, Shakespeare e tantos outros foram idolatrados por seus povos, em seus rincões. Eram todos pessoas do povo. falar de Shakespeare seria redundância.

A terra privada, popular, é o chão de todos para mostrarem o “caráter do povo”, como são as instituições populares que a "antena" proporcionou, só pertencendo ao "intra muros" de institucionalidades estatutárias das corporações privadas os limites, como na censura, que mesmo assim extravasa a ordem desejada instituída, podendo qualquer um desses tantos mil que se inscrevem em contrato de adesão nos sites, acessar por arbítrio exclusivo do site, como aqui, adesão cujas convenções pouquíssimos conhecem, até para fazer proliferar pregões críticos desavindos de tudo.

"Justa gratidão e polida cartesiana damos sempre àqueles poucos leitores que nos leem quando a nossa má fortuna só nos depara esses poucos.Quem há por aí que conheça o caráter de um povo além do próprio gênio?”. Páginas de Estética, João Monteiro.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 28/06/2018
Reeditado em 28/06/2018
Código do texto: T6376078
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