Nulla dies sine linea 30/03/2018
Cegueira
Nelson Rodrigues era fascinado pela cegueira. Sempre achou que um dia a cegueira entraria em sua vida. Entrou: sua filha nasceu cega.
Homero. Cego? Tirésias vendo a dor antes da dor. John Milton também ficou cego. E começa divinamente um soneto com when I consider how my light is spent. No fim todas as luzes se apagam. Com olhos ou sem olhos.
“Sem olhos em Gaza” é um romance de Aldous Huxley. Huxley tirou o título de um verso de Milton. Também Huxley teve problemas com os olhos.
Borges escreveu seu “elogio da sombra”. Vivia então o argentino entre formas luminosas y vagas que no son aún la tiniebla onde las mujeres son lo que fueron hace ya tantos años. Borges, cego, tateando sorrateiramente a minha imaginação com sua língua doce. Na noite.
Em “Música na noite”(1948), Bergman trata da cegueira com aquele cuidado e aquela sensibilidades que sós os Ingmares Bergmans têm.
Nada digo do “Ensaio sobre a cegueira”. A ideia é boa, mas o livro é chato.
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Um sonho
Ontem sonhei que acordava no meio do nada. E ali era o céu.
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“Luz! Mais Luz!” Não, senhor Goethe!
“Deus! Mais Deus!” seria o correto, meu admirável pagãozinho.
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No tempo em que celebravam o dia de meus anos… não fazia diferença. Odisseu é um doido. Com-ple-ta-men-te desvairado!
Vai, Odisseu! ser droit na vida. Eu fico aqui, a gauche, mais avesso que direito. E, se reclamar, dou-lhe um direto de direita no queixo e vou-me embora. Você vai entender.