Livros: não lê quem não quer

Livros. Nos remete sempre a versão impressa, seja em capa dura ou versões mais simples, em seu formato impressão como há centenas de anos vem sendo comercializado. Confesso que tenho preferência pela versão impressa. A casa dos meus pais quase não tinha livros. Uma coleção de enciclopédia, capa dura, cor azul com letras douradas. Minha experiência com os livros foi na Escola Estadual, em Alagoinha, que na época contava com ótimas coleções de literatura brasileira. Jorge Amado, por exemplo, meu preferido, e livros técnicos sobre mecânica, eletrônica (alguns que lembro). Mas, minha admiração mesmo foi quando entrei numa grande biblioteca. Percorrer estantes que guardavam relíquias do século XVI, XVII. Alguns mais novos, com duzentos, cem anos. Foi um breve experiência que depois tive oportunidade de repeti-la na Universidade. Percorrer estantes ou pesquisar num grande armário (tipo um fichário) com dezenas de gavetas, que transcreviam informações básicas como: autor, título, assunto e posição na estante.

Em pouco mais de vinte anos essa experiência com os livros e o modo como podemos buscá-los mudou radicalmente. As bibliotecas continuam sendo locais de referência, no entanto, com o advento da internet temos muito mais possibilidades e disponibilidades de acesso ao conhecimento. Todos os grandes clássicos, em todas as áreas de conhecimento, foram digitalizadas, o que nos oferece muito mais agilidade em nossas pesquisas e naquilo que precisamos. Hoje, quando preciso pesquisar um assunto ou mesmo montar um curso, consigo fazê-lo com muito mais agilidade e a possibilidade de textos infinitamente maior.

Outro ponto interessante é que ninguém hoje pode afirmar que não lê porque livro é caro. De fato, livro no Brasil tem preços exorbitantes, mas é verdade, também, que conseguimos de modo muito mais barato (e por vezes até gratuito) livros em formatos digitais (epub, mobi, pdf). Nos últimos dois anos aventurei fazer a experiência do leitor de livros digital. Antes que muitos digam que a experiência entre o papel e a versão digital não sejam as mesmas, confirmo a teoria. De fato, não são as mesmas. A versão impressa nos dá uma experiência única. Isso é fato! Do outro lado, a versão no leitor digital, também, nos oferece uma série de recursos úteis. Podemos marcar o texto, fazer anotações, criar destaques (do mesmo modo que se faz na versão impressa), que para quem estuda e/ou escreve torna-se uma ferramenta a mais no trabalho (seja acadêmico ou literário). Outro lado positivo são os valores. Grande maioria dos livros que tenho no leitor estão disponíveis na rede e, por fim o espaço. Onde conseguiria guardar 5.000 títulos no meu cantinho de trabalho?

Apesar das vantagens, não dispenso a versão impressa. Continuará sendo obrigatório para mim. No momento que escrevo esta mensagem, do meu lado está a versão impressa do romance “O deserto dos tártaros”, de Dino Buzzati. Versão antiga, de 1986. Folhas amareladas pelo tempo. Daí não me encanto só com a história, mas o tempo em que veio conservada as palavras de Dino Buzzati. É a imortalidade das palavras que se conservam em páginas marcadas pelo tempo. As vezes perco um tempão olhando para o livro. Há algo de peculiar na sua impressão e no seu formato. Essa experiência a versão digital não proporciona. Por isso, indispensável. Mas, não podemos desconsiderar a importância dos digitais. Um dos autores que mais me marcou, li em versão digital.

Enfim, hoje não podemos usar do argumento que “não leio porque livro é caro”. Muitos não leem porque de fato não estão introjetados deste valor cultural, principalmente, hoje no qual a disponibilidade e o acesso são infinitas.

Jorge Alexandro Barbosa
Enviado por Jorge Alexandro Barbosa em 24/06/2018
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