DIREITO E INTERESSE PESSOAL DE CADA UM, SABER OU NÃO SABER.

Aprender sobre humanidades, alçar voos maiores de formação, direito e interesse de cada um. Escolha, curiosidade pessoal.

Aprimoramento para ver com mais amplitude, avaliar com maior base de dados, acesso sem restrição natural que se limita faltando o interesse, é critério pessoal.

Sem maiores alargamentos restringe-se a informação.

Por quê? Por se colocar rótulos em tudo. A visão se estreita e se conforma com fechamento da inteligência em duas partes, fica estereotipada pelo alcance reduzido de faculdade.

Se fulano não é isso é aquilo, se sua posição é esta não pode ser aquela. Isto em todas as áreas se projeta. Estreita-se nessa via o que poderia alcançar as várias correntes para tender a unificar, e mirar o melhor. É como na matemática, há mais de um caminho para chegar a resultados exatos, mas é preciso conhecê-los. E saborear.

Não se podem contar migalhas de entendimento, se temos curiosidade. Por quê? As somas ficarão reduzidas, e passa-se a confundir simplicidades, por desconhecimento de especificidades, porque nunca se atinge a compreensão do todo satisfatoriamente. Tatear é nada conhecer satisfatoriamente, ficamos distantes se não existe vontade maior e estudo sério de universalidades, é preciso obstinação. Quem só conhece duas partes nunca saberá sobre o todo.

Quem anda por um caminho só fica com a consciência pequena de existir um outro lado. É como viajar. Todos vão para os mesmos lugares, lógico, por terem seus atrativos, mas só se dirigem ao que é comum. Conhecem os rótulos, expressivos como parte, mas nunca os segredos do todo. Ou viajam impulsionados pelo consumo, a grande massa.

Essa falta de conscientização não é vontade de quem rotula, é condição de distinguir ou não. Assim é a humanidade, por isso uns estão mais a frente, outros vão ficar marcando passo nas fronteiras de saber ou não saber um pouco mais, como ler Aristóteles, Platão e Sócrates, ou Nietzsche e Schopenhauer, estes um certo modismo hoje, mas esbarram na porta fechada para ingressar na casa de Kant. Seus cadeados, kantianos, são severos, é complexo, requer seriedade e empenho, não são poemas ou excertos, mesmo célebres, que podem ser entendidos com facilidade, e isso é bom, mas é superficial e profundo ao mesmo tempo, mas não vai ao centro das grandes questões.

É como um “Livro Vermelho” de Jung, um outro mergulho de profundezas.

Pode-se até ficar ciente que Nietzsche partiu de Schopenhauer e que este foi um crítico de Kant. Mas é só. É como a liberdade de poder pensar compatível com o fenômeno da vida, garantir nossas liberdades, saber como começaram institucionalmente, poder realmente avaliar os valores como são no histórico João Sem Terra. Quais são pesos e andamentos, razões de existência origem e objetivos. Onde se enquadram e como.

Fica complicado se surgem conceitos à margem do convencional, estão aí até mesmo nas regras maiores vizinhas dos tribunais. Viu-se isso essa semana, barrou-se o princípio menor, chamar , intimar ao tribunal para testemunho necessário, investigado ou testemunha, e não ser atendido o ato determinado por lei faz oitenta anos, então devia ser conduzido, mesmo com a garantia de nada falar.Barrou-se essa alternativa criando em consequência ato mais forte, restar como alternativa a regra mais severa, a prisão decretada a quem deixa de se apresentar quando intimado, o que é imprescindível e irá ferir direito de liberdade fundamental. Dá-se o que se chama de conflito de normas. A investigação tem que prosseguir e não caminha pela obstrução referida.

Analogicamente volta-se aos tempos anteriores ao Barão João Sem Terra, sic: “No free man shall be seized or imprisoned, or stripped of his rights or possessions, or outlawed or exiled, or deprived of his standing in any other way, nor will we proceed with force against him, or send others to do so, except by the lawful judgement of his equals or by the law of the land.” Em suma, nenhum homem livre (leia-se: nenhum servo) seria preso ou punido sem antes a questão ser avaliada pelo sistema jurídico.

Avançando chegou-se na expressão “homem livre” que foi substituída por “ninguém”, para que realmente todos os indivíduos fossem incluídos. É exatamente aqui que surge o princípio do devido processo legal. E o devido processo legal tem que caminhar. Agora com mais severidade, onde mera condução se faria antes, prisão por cinco dias será decretada com recusa de quem tem que ser ouvido.

A Magna Carta também é considerada um marco constitucional importante, o primeiro da história europeia, é preciso conhecê-la e seus sucedâneos sem farsas, para ver com clareza seus desígnios. E não caminhar para trás.

Não conhecer esses passos, é como ir ao Louvre e passar embaixo da Vitória de Samotrácia, a Deusa Nike, na entrada de um de seus pavilhões, e nada dela saber, acontece com milhares, nunca leram antes de conhecer as maravilhas que estão diante de seus olhos, ver a sombra e a luz de Caravaggio e não conhecer a de Vermeer, se extasiar diante do David de Michelangelo no Museu da Academia de Florença, e não saber que ele é estático diante do belo e realista movimento do David de Bernini, empunhando a funda, da escola do barroco, visível na Vila Borghese em Roma, ler Ana Karenina de Tolstoi e não sentir que o núcleo real do livro foi amar o amor.

A densidade artística, como a científica não são superficiais, não estão destinadas a frases ou conceitos, exigem mais, estudo de origem e resultados. Muito menos a complexidade científica.

Saber alguma coisa é denso, enciclopédico, é estar na floresta e enxergá-la toda, não só ver uma das árvores como a monumental sequoia que deslumbra e ficar só nisso. É saber qual é a resina de centenas de séculos, que sora dos pinheiros seculares do Líbano, âmbar, e hoje forma obras de arte, joias, moldadas, entalhadas. E se alguém sabe alguma coisa saberá que nada sabe, mas quem nem alguma coisa sabe, embora se empenhe, e resta preso a rótulos, socialmente, politicamente, religiosamente, artisticamente, fica sem saber, mas lógico que é interesse pessoal livre.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 21/06/2018
Reeditado em 21/06/2018
Código do texto: T6370038
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