Observei os artistas criando às suas magníficas esculturas na areia... Quanto esmero e paciência!
Em cada obra abundava riqueza de detalhes que as conduzia à perfeição... Impossível escolher a mais perfeita.
Todas possuíam peculiaridades pertinentes aos seus criadores.
Extasiada com a dedicação de cada artista; observei cada um deles dando o seu melhor e pensei, que àquelas obras maravilhosas permaneceriam, apenas, por brevíssimo tempo... Os seus criadores eram sabedores das suas iminentes perdas. O mar agitado chegaria sem aviso e não as pouparia, causando-lhes total destruição. Oferta, em sacrifício voluntário à mãe natureza.
O que motiva alguém a construção esmerada de algo, diante da iminência de vê-la desabar, após o seu glorioso término? Cada um deles ajoelhou-se na areia e esvaziou-se do seu melhor... Deu forma e materializou o que, antes ocultava em si. Terminada à obra... momento de se deparar com a magnitude de sua criação... do que desconhecia, até então: o maravilhoso dom de criar e o indefinível ato de doar o seu melhor. Cada criação é a própria revelação do que se encontra oculto, adormecido, no artista.
Não demorou para que às ondas chegassem... Não admitiram a concorrência de suas magnitudes e beleza. Os escultores de areia assistiram o desfazer de suas obras, entre gritos eufóricos e sorrisos, em cumplicidade com o inevitável. Quisera que na vida fosse assim... Graças aos recursos tecnológicos restou-lhes o registro e perpetuação de suas obras magníficas.
Nas nossas vidas idealizamos projetos e nos empenhamos em suas construções, contamos com a perpetuação de tudo quanto construímos... e, por essa razão nos dedicamos em obtermos o melhor, para nossa satisfação, algumas vezes, para demonstração da nossa capacitação pessoal... No entanto, quando por alguma razão superior à nossa vontade, o idealizado e construído nos escapa das mãos, reagimos inversamente aos “escultores de areia” e desabamos juntos.
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