TEMPORADA DE CAÇA

De acordo com o calendário eleitoral no dia 16 de agosto começa a temporada de caça no país, para terminar em outubro. Aí você os verá em toda parte. Nas ruas, praças, ônibus, pela internet e até dentro de sua casa, mesmo sem serem convidados. São os nossos caçadores. Uma espécie típica chamada POLITICUS BRASILIS, que tem várias subespécies: TUCANUS, OPERARIUS, RURALIS, EVANGELICUS e muitas outras. Para classificá-las, todas, existem dezenas de nomenclaturas. Normalmente vivem em bandos, com um grande instinto de autopreservação. Instinto que lhes permite também mudar a camuflagem, como o camaleão, dependendo da conveniência do momento.

Então, a partir de agosto, todos esses caçadores, de presas afiadas, estarão à procura de um alimento sazonal indispensável à sua sobrevivência. Antes dessa época podem ser herbívoros, carnívoros, insetívoros, qualquer coisa. Mas, durante a temporada, eles se tornam urnívoros. Alimentam-se de uma iguaria que você obrigatoriamente vai depositar na urna em outubro: o voto. Depois do banquete nem todos sobreviverão. Por outro lado, é comum os sobreviventes perderem a memória por quatro anos, período durante o qual eles retornam para o seu habitat e ficam em estado de hibernação, esquecendo-se completamente de quem os alimentou. Até saírem à caça novamente.

No caminho até a urna, com a oferenda na mão, você vai ver e rever todos os espécimes (os antigos e os filhotes), sempre sorridentes, aliciantes, e se perguntará: Qual o lobo, qual o cordeiro? Claro, nem todos são predadores ou ardilosos. Mas é preciso ter cuidado com o mais perigoso deles, a praga com enorme capacidade de proliferação em qualquer ambiente, com uma resistência tão grande que remonta ao período cretáceo: o POLITICUS CORRUPTUS, popularmente conhecido como ROUBOSSAURO. Este é terrível. O bicho tem uma apetite insaciável. Alguns chegam a acumular um tutu de 51 milhões em sua toca. Por isso, se nós não tirarmos o alimento deles agora, em outubro, nessas eleições gerais para todos os níveis, quem vai tirar? Vamos ter de esperar mais 66 milhões de anos até que outro asteroide dizime a espécie?