O Reencontro

Estava eufórica, primeiro dia de aula, iria rever os colegas e os professores, era meu último ano no ensino fundamental, era uma adolescente em sua fase mais irritante, sempre me destacava pela rápida compreensão dos assuntos, as maiores notas me pertenciam; então, chegou o momento esperado. Entrei na sala, procurei um local para sentar, preferencialmente as últimas bancas. Ao meu lado Érica, uma garota de bem com a vida, de peixes, assim como eu, as pessoas que nos rodeavam eram em sua maioria garotos.

Observando toda a sala notamos três novatos, as garotas entusiasmadas, mas Érica e eu não nos importamos nenhum deles nos importava.

Então começou a aula, História Geral, a professora decidiu fazer um breve questionário oral, como sempre tomava a iniciativa de responder, porém algo começou a me irritar, Pedro, um dos novatos, voz grave e elevada, antecipava-se a mim e respondia a todas as perguntas. Homem, inteligente e novato, não, ele não poderia ocupar meu lugar, eu não poderia admitir isto, e não admiti!

Tentei elevar meu tom de voz, ele percebeu o que estava acontecendo e iniciamos assim uma disputa, foi uma disputa acirrada que teve dias de duração e se repetiam em todas as matérias, os elogios que antes se dirigiam com exclusividade a mim, começaram a ser compartilhados com ele, o mesmo ocorreu com as notas.

Até que um dia a professora decidiu elaborar uma prova em dupla e por sorteio, neste dia recebemos uma pegadinha do destino, ironicamente fomos sorteados para fazermos a prova juntos. Cada leu a prova silenciosamente, em seguida olhamos fundo um nos olhos do outro, era como se as nossas almas já se conhecessem e naquele momento estivessem se reencontrando.

Fizemos uma excelente prova e decidimos que seria sempre assim. Desde que os nossos olhos se cruzaram tornamo-nos tão amigos ao ponto de fazer-nos confidências sem precisarmos falar uma sequer palavra, era como se lêssemos os pensamentos um do outro. Aquele foi o dia do nosso casamento, o casamento entre duas almas.