Nós!
Lá fora, a lua com sua luz, reflete e se dissipa na neblina densa e sedosa. A madrugada fria anuncia ventos do Sul e provoca no corpo o desejo do beijo que arrepia a pele. As nuvens, como bolhas de indecência, entram e saem do campo de visão e maculam a luz, a lua sorri.
O Sul é distante.
A noite calma e silenciosa oculta desejos num jogo de espelhos opacos, a atmosfera interna é densa de vapor. A transpiração foge à pele. As mãos percorrem o corpo como ovelhas que descem a colina. O caminho é sinuoso, cheio de curvas e armadilhas.
O prazer a isca.
Como ovelhas que pastam, as mãos roubam sussurros da terra úmida. Terra envolta por tênue grama. Logo à frente o abismo se apresenta como caminho possível. O abismo como borda, limite entre o plano e o precipício; as bocas são garras para senti-lo. Os lábios flertam com o incompreensível e buscam no cálice o alivio.
No plano a segurança da terra afugenta o medo do precipício, apenas uma armadilha.
O beijo se intensifica e revela o prazer sem controle. Oculto, na bolha de vapor, a lascívia e o amor cobrem o ar de sussurros densos e a emoção obstrui a razão; subjuga a mente.
A atmosfera maltrata os temerosos , o vento que vem do Sul é profano.
Ocultos, em ar tão denso, tamanha devassidão acontece, os olhos dos céus já não os alcança.
Mente subjugada guia as mãos, por um antidoto, nas fendas da superfície.
Como um inseto, que voa cambaleante no deserto, as flores desabrocham em um momento de êxtase profundo. O vento sopra do sul, mas o frio, não atinge os corpos nus.