A RODA NEM SEMPRE É O OBJETIVO
Lá por 2003 abandonaram um cachorro na rua que eu morava. As pessoas se apiedaram e começaram a alimentá-lo e ele passou a ser o guardião da rua. Como da rua apareceu da rua ele ficou. Passamos a chamá-lo de Lobinho, embora nada tivesse deles.
Um dia apareceu um rapaz e perguntou se podia levá-lo, numa rápida reunião ali mesmo decidimos que ele podia partir.
Sabíamos que sentiríamos saudades e falta dele, pois ele retribuía o carinho cuidando da rua, se ele latisse podíamos ter certeza que era um estranho que ia passando.
Dois ou três dias depois ele voltou. Estava com um lencinho amarelo no pescoço, pelo limpo e escovado. Fez a maior festa com os outros dois ou três cachorros que habitavam por ali.
O rapaz veio busca-lo mais algumas vezes e a história se repetia até que ele desistiu.
As pessoas não entenderam o descaso dele com o conforto, mas enfim ele era da rua.
Mudei-me e ele lá ficou. e por lá deveria estar.
Diariamente, quando retornava do trabalho ele corria ao lado do carro latindo e sacudindo o rabo. Na frente de casa eu estacionava e acariciava-o.
Igual atitude ele não tinha com os carros estranhos que passavam pela rua. Corria ao lado da roda dianteira tentando mordê-la. As vezes os condutores paravam e ele saia sem saber o que fazer.
hoje me senti assim. Corremos atrás do carro alcançamos a roda e quando ela estava ao nosso dispor não sabíamos o que fazer.
A diferença entre o cachorro Lobinho e os manifestantes é a maldade e o ódio, enquanto ele se contentava virando as costas e seguindo seu caminho. Eles querem sangue e fogo.
Na eleição de 2014, voltei por lá e a vizinha que também havia adotado-o disse-me que ele subira aos céus.