SOMOS TODOS JURISTAS

Em 1973, com o denominado “milagre econômico” e, logo após, com o desenrolar das negociações da dívida externa brasileira, o curso universitário de “Ciências Econômicas” passou a ser o mais badalado.

A partir de 1986, com os sequenciados e mirabolantes “planos econômicos”, o tema economia se torna um assunto corriqueiro e nuclear, tanto nos meios políticos, quanto na mídia e conjunto da sociedade.

Em todas as rodas de amigos, principalmente nas mesas de bar, há, sempre, especialistas leigos. Assim como no futebol em que todos os brasileiros somos técnicos a escalar a melhor seleção apta a trazer a taça; em economia erámos todos conhecedores da ciência econômica e ousávamos modelar um novo plano imbatível para debelar aquela que aniquilava a renda dos trabalhadores e impossibilitava o crescimento brasileiro: a inflação.

Recentemente, com o julgamento do “mensalão", amplamente transmitido pela TV Justiça, a mostrar para todo o Brasil as entranhas do poder judiciário, notadamente da nossa Suprema Corte, as “Ciências Jurídicas” passaram a assumir essa posição peculiar.

Atualmente, com o desenrolar da operação lava jato, sob a regência do juiz Moro, da República de Curitiba, com reflexos “imediatos” nos tribunais superiores, notadamente, no Supremo Tribunal Federal, que tem julgado inúmeros habeas corpus, o tema ocupou todos os espaços.

Nas conversas de mesa de bar, os leigos se arvoram de juristas e discutem sobre Direito com o maior desembaraço. Todos os assuntos entram em pauta, inclusive aqueles mais complexos e sensíveis que não fazem parte do dia a dia dos operadores do direito ou militantes forenses provincianos.

Impaechment, contabilidade criativa (fraudulenta), pedalada fiscal, crime de responsabilidade, condução coercitiva, embargos infringentes, embargos de declaração, embargos dos embargos de declaração, habeas corpus, mudança de entendimento, revisão de jurisprudência, mutação constitucional, possibilidade de cumprimento da pena após decisão de segundo grau de jurisdição etc. Entendemos qualquer assunto. Somos todos juristas.

Somos todos constitucionalistas, especialistas guardiões e intérpretes da Constituição Federal das conversas fortuitas dos encontros ocasionais.

DJAHY LIMA

DJAHY LIMA
Enviado por DJAHY LIMA em 15/06/2018
Código do texto: T6365533
Classificação de conteúdo: seguro