MEUS DOIS IRMÃOS ...
A nossa mente é como o Universo. Um espaço de infinitas dimensões e mistérios ainda a serem desvendados.
Estava caminhando à noite pelas ruas de Ipanema e Leblon quando me veio à mente a mania de colecionar do meu irmão Mário quando ainda era pré-adolescente. Tinha um quarto fora da casa onde colecionava desde flâmulas (bandeirinhas de clubes e comemorações ) , chaveiros , revistas em quadrinhos , moedas, bolas de gude, etc. Tudo muito organizado em cada compartimento .
Gostava de visitar o quarto de dele . Tinha a sensação de um baú de surpresas porque sempre surgiam peças diferentes .
Essa era uma característica que nenhum dos irmãos possuía .
Queria me lembrar de mais detalhes e, numa viagem instantânea dessa volta ao passado, me veio a sugestão : vou perguntar ao Rodolfo como era. Em frações de segundos me veio a realidade de que ele já não existia mais. Veio o vazio de uma imensidão e foi como se eu estivesse num quarto com os olhos vendados querendo apalpar o caminho por onde estava andando . Vazio que durou segundos mas que me deixou no vácuo da minha existência . Talvez porque ainda não tenha me deixando sentir a perda desses seres que fizeram parte de mim durante décadas de convívio . Amor de irmão é coisa muito séria ! O amor desses meus dois irmãos está entranhado e cimentado dentro de mim, embora eu tenha meus artifícios de defesa para não vivenciar o que já se foi.
E assim trabalho as minhas perdas e não acho que somos impotentes diante de tamanhas perdas. Sim...podemos reverter os quadros , as imagens e as dores. Podemos converter as ditas “perdas” em memórias decantadas que ficam pausadas em nossas memórias . Sim, damos um “pause” .
É como um perfume etéreo que nos lembra algo e em frações de segundos se vai no espaço e deixa-se evaporar porque não conseguimos retê-lo por muito tempo .
Assim é o amor que não temos mais ao nosso lado...