Desrto, ou paraiso?

Eu habitava os medos deixados por marcas passadas, eu amargava a desconfiança de tudo e de todos. Em meio ao meu caos interno, poucos notaram meus tantos desmoronamentos. No mar dos meus devaneios eu afoguei-me em demasia... Me apaixonar? Óbvio que não! Alias... Confesso! Me apaixonei! Enlouqueci dentro de minhas fortalezas, acorrentei meu SENTIR nas decepções de outrora, e dentro de cada olhar que me viu, eu mantive-me do lado de fora.

Ah o frio! Solidão avassaladora no peito, enquanto eu covarde ao QUERER, fugi de quem dizia querer-me... Talvez não fosse exatamente uma fuga, quem sabe fosse aquela suposta prova dos 9. Era apenas um desejo de ter a certeza de que eu não pisaria em mais uma daquelas ilusões temporárias. Ter um coração como este que em mim habita, é viver riscos eternos, é machucar-se e sentir toda a dor das feridas abertas, muitas destas que alias, sequer fecharam.

Minhas paredes internas supostamente tão fortes, vivem quebrando-se, deixando espalhados pelo chão da minh'alma, muitos pedaços de tristeza.

Falo de amor, espalho pelo mundo a doce essência do "bem querer", através dos versos saltitantes do meu poetizar, e cá estou! Perdido em meu porfiar, errante nos caminhos solitários do meu existir. Olhar cansado, coração submerso em meus tantos desalentos... Deserto em mim, ruínas em mim. Um "dramático" romântico, sem romantismo para sonhar. Cansado de dar banquetes e comer migalhas! Por onde andarão os bons vinhos humanos? Aqueles que nos embriagam sem nos tirar o sono ou, a paz. Ah! Aquele paraíso de amor tão idealizado, ausente? Inexistente? Quem poderá afirmar que não há no mundo quem ame, quem queira, quem deseje lutar por alguém especial. A questão em si, não é fato de este alguém existir ou não. A maior problemática é justamente encontrar quem sonhe junto, aos invés de destruir aquilo no que tanto acreditamos. Eis o porque dos tantos desertos em mim. Os jardins foram pisoteados, as flores queimadas e, a alma sitiada. Dentro do meu QUERER, um silencio ensurdecedor vive! No meu olhar tantas vezes perdido no horizonte de um talvez, já houve muitas primaveras. Neste inverno tão frio em que eu me tornei, existem verões escondidos por trás destas muitas nuvens cinzas. A grande questão, é se há alguém que o mereça, e se houver, por onde andará?

Na esperança de que o amor seja cego, como muitos afirmam, eu espero a chance de ser notado por um coração, que veja além desta ótica, meramente humano. Quando isto acontecer, então o mundo verá o paraíso que há entre os meus tantos desertos. Até lá, quem ousar atravessar-me sem um verdadeiro QUERER, obviamente morrerá de sede.

Hámilson Carf
Enviado por Hámilson Carf em 15/06/2018
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