ALGUNS VALORES EXPLORADOS PELA MÍDIA CONTEMPORÂNEA

Tendo a mídia o acesso à intimidade dos lares deste mundo globalizado, nas cabeças dos homens estão as imagens captadas plenas dos interesses da comunicação visual e auditiva, principalmente de objetivo comercial, intensamente despejada em todos os lugares atingíveis deste planeta varrido pelas ondas eletromagnéticas. Tal propaganda impera sobre a dinâmica do homem moderno, que se mantém carente na falta de tempo para uma leitura informativa. Em sua ignorância tem se plantado e se consagrado um círculo vicioso e inibidor de sua capacidade crítica sobre o cosmo que o envolve. Aquele dito círculo tem sido fortalecido através da pregação de pseudo-valores martelados sobre o ser humano, bastante idiotizado e (in)ativo neste final dos anos noventa. - Pasmem, na virada do século!

No modismo dos ritmos africanos ou de seus baticuns monotônicos, o veículo da venda ao consumidor de produtos usados por músicos e dançarinos, tais como roupas, sapatos e relógios. Eles são, em sua maioria, artistas com vacância cultural sobre o campo de definição das artes que se queixam praticar, alimentando este processo de manutenção de um presente apodrecido e com pobre nível cultural ou definidor de um pretenso rompimento com os valores que um dia fez da humanidade um poço de sábios conhecimentos, de verdades axiológicas capazes de enobrecer e dignificar o Homo Sapiens. Todavia, com a massificação dos meios televisivos - o fértil caminho gerador de riqueza para os profissionais da propaganda (- da mentira ludibriadora dos povos, por vezes!), tem sido combatida pela classe mais aculturada deste país composto em sua quase totalidade de analfabetos ou de semi-analfabetos. Contudo, não é privilégio do Brasil esta estatística anômala. Assim, é que, recentemente, crimes mostrados nos Estados Unidos sobre atentados a bala cometidos por estudantes contra colegas de suas escolas se repetiram em outros lugares daquela terra, mostrados ao mundo quasi em tempo real, tendo acontecido com as mesmas características mostradas originalmente, revelando-se-nos que criminosos também perdem a sua própria identidade ou criatividade até mesmo no cometimento de crimes, apenas copiando as formas praticadas pelos bandidos dos atentados anteriormente revelados. Portanto, vê-se que não é privilégio de gente sadia a imitação daquilo que é revelada pela propaganda televisiva - seja ela ruim ou boa para o ser humano!

No futebol, a cabeça raspada ‘na máquina zero’ (- onde os cabelos foram cortados literalmente rente ao escalpo!) de jogadores no mundo do futebol acompanha o corte do craque brasileiro Ronaldinho, numa apologia ao estilo já visto antes nos filmes do artista norte-americano, no papel do policial Korjac, porém com imitação em menor grau, ressaltando-se a diferença de que no teatro ou no cinema é exigido um bom funcionamento do cérebro além das funções vitais, com abstrações e operações que dignificam o ser humano, tornando-o superior aos animais irracionais. Parece-se-nos ter nascido uma inversão de valores aqui: o lado material vale mais do que o valor cultural, sendo a cultura desenvolvida nos pés para os jogadores de futebol! Tudo bem, claro, afinal nosso planeta já fora comparado com o modelo capitalista do “material world”! Curiosamente, jovens e velhos, até mesmo os ditos pernas-de-pau, têm aderido à velha tradição dos calouros universitários do continente brasileiro, hoje caracterizada como um modismo criado pelo craque das convulsões da Copa do Mundo da França. - Será que raspar a cabeça é ignorar a memória que se possui ou será que se trata unicamente de falta de memória? Não se sabe, todavia poder-se-á emitir um juízo de valor a partir do cheiro do pensar dos adeptos desta “fashion”!...

Nos processos eleitorais, na maioria das vezes caracterizados de eleitoreiros, no mundo em atrasos tecnológico e político, dá-se a manutenção da ignorância do eleitorado. No Brasil, especialmente em seu enorme contingente de analfabetos com fome e desassistidos, portanto, aonde repousa a maior e a pior parte da ignorância sobre a vida política desta nação, perfaz-se a força assegurada de votos para candidatos ruins no processo de eleições neste país. Tais candidatos tratam o inocente eleitorado como bichos em seus limitados e demarcados currais eleitorais (- possivelmente, eleitoreiros!). Eleitores ou vítimas, por sua vez, têm freqüentemente eleito para o poder executivo muitos demagogos e/ou corruptos que tiram benefícios apenas em favorecimento de suas próprias causas, sempre atuando de modo a subtrair ou a polarizar recursos para as áreas e/ou regiões de seus interesses exclusivamente pessoais, castrando as populações em suas necessárias melhorias de crescimento enquanto seres humanos que são, o que quase sempre se constitui em práticas perversa e criminosa, que muitas vezes o incauto eleitor não tem capacidade de perceber, nelas continuando aprisionado ad eternum. Trata-se, pois, de uma bem conhecida negação da Democracia! Também, jogos de canibalismo dentro do poder instaurado - quer entre políticos ou no seio dos partidos que disputam governos, presidências, partidos, etc. alardeiam-se péssimos desvios de comportamento de líderes junto à mídia oportunista - como já ocorrera com os presidentes Nixon no caso Water Gate e Collor nos escândalos com o seu tesoureiro de campanha Paulo César Farias, o PC, muito amplificados pela mídia. Atualmente, a título de exemplo, o presidente americano Bill Clinton está prestes a sofrer um processo de “impeachment” pelas muitas práticas sexuais que em tribunal revelou ter mantido com a senhorita Monica Lewinski, quando do estágio da mesma no ambiente de labuta do poderoso presidente americano e dentro da própria White House!

É real que a mídia associa ocorrências novas a eventos do passado ao mostrar fatos atuais sensacionalmente. Todavia os faz aumentando, copiando, relacionando, ridicularizando seus dados e fatos, seus geradores e/ou suas origens, induzindo a parcela do público menos capaz sobre suas teses, as quais costumeiramente não passam de falsas hipóteses, mas que jamais são devidamente compreendidas pela maioria dos fracos ouvintes de “Broadcasts”, sendo esta uma observação bem notada no continente brasileiro. Assim, onde estão os governos e as causas sociais de erradicação da ignorância dos povos?

Na Terra Brasillis, repleta de sedentos e famintos, chega-se quase a beber os líquidos anunciados na TV, como acontece quando da propaganda da Coca-Cola. De modo similar, sanduíches das lanchonetes McDonald’s parecem ser degustados pelos telespectadores, estáticos, imaginativos e com os estômagos a roncar de fome, sendo canina o seu qualitativo mais apropriado com referência, pelo menos, à qualidade da carne empregada em “hamburgers” comerciais, sempre aditivados de produtos químicos para conservação da péssima mistura de carnes de que são compostos! - Por que não somos críticos de nós mesmos na consecução de nosso bem-estar alimentar, pelo menos? ou será que ainda pensamos? ou será que estamos em processo de regressão mental, voltando ao primitivo estágio da inteligência humana?

Lindos, potentes e avançados carrões da Engenharia Automobilística e maravilhosos produtos da Eletrônica e da Cibernética são entes virtuais, entretanto materializados nos lares de muitas nações, especialmente daquelas com maiores carências materiais. - Será que estamos a receber o capitalismo à força ou será que o homem é de fato o seu próprio lobo?...

De tudo posto antes, apresenta-se-nos o desencadeamento de um processo de desvairado consumo ou até de intensificado consumismo, o qual, em muitas ocasiões e se então não consumado de pronto, pode levar a criatura humana à negação de sua própria dignidade, na geração de práticas imorais e/ou ilegais de roubos, saques, agressões destrutivas contra o patrimônio alheio, etc.. - O homem não estaria buscando a implosão da humanidade? por que se mostra ao homem o que ele não poderá ter dentro da realidade da conjuntura econômica que o tortura e o agride quando da revelação de sua inconteste pobreza material?

Ficamos na fervura tamponada da panela global de nossa mídia contemporânea, boiando que nem corpos flutuantes sobre águas oceânicas. Devemos, portanto, algo fazer para evitar que exalemos um certo aroma fétido ou olor, peculiar aos dejetos encobertos por nossa vil metáfora! Contudo, que jamais se deixe de ressaltar que censurar a mídia eqüivale a castrar-nos das liberdade e chance de tê-la completamente saneada... da falsa ilusão ofertada contra os mortais menos favorecidos deste nosso mundo, então em branda guerra civil!

Salvador, 17/10/98.

Oswaldo Francisco Martins
Enviado por Oswaldo Francisco Martins em 14/06/2018
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