O POETA É UM... O POEMA É OUTRO!
A um tempo da leitura do Confessionário de JM – o poetinha, há a indicação da necessidade de no perfil de um autor, ser de bom tom que junto com aos dados curriculares dele, sejam indicadas algumas preferências dele.
Por meu turno evito fazer estas anotações, para não correr o risco de que meus possíveis leitores confundam o autor com a obra apresentada.
Deixando assim que a obra fale por si mesma, despertando ou não em meu leitor a sensação de beleza, um estado de sublimação poética.
Evito também a especulação sobre o momento de aparição da Poesia, nos poemas escritos e apresentados.
E por quê?
Por que a Poesia é encarada por mim como o ponto culminante em uma obra escrita sob a forma de poemas...
E acontece que a Poesia não se dá à mostra em todo trabalho apresentado, embora o tempo a cristalize na obra de um autor quase como um todo.
Não encaro a Poesia como apenas um elemento de linguagem, ou mais um, pois não a vejo como resultado do uso de figuras de linguagem tão somente, ou uma ratificação da maestria de um autor quanto ao uso da língua.
Mas, sobretudo, uma somatória dos elementos de linguagem usados na confecção da peça poética, com a sensibilidade do leitor e a sua bagagem de mundo, e suas vivências.
Por isso encaro um poeta como um arqueiro “cego” que com a sua destreza empunha seu arco, encetando sua flecha-poema, em alvos indistintos...
A maestria do autor na confecção de seu poema, a comunicação de sua mensagem, no que denota, e no que conota, não é garantia de que seja apreendida pelo possível leitor/alvo.
Existem para mim barreiras a serem vencidas, resistências a serem ultrapassadas, notadamente referentes ao próprio leitor.
A Poesia para mim é mais encantadoramente misteriosa quando eleva meus sentidos, do ponto de conforto que se encontre, após despertá-lo, pela forma que apresente, pela mensagem que expresse, e pela mensagem subliminar que evoque...
A poesia de Manuel de Barros tem este efeito sobre mim.
Algumas poesias de Manuel Bandeira também!
Enquanto encaro Manuel de Barros, na maioria de seus poemas como um poeta que cria uma aura metafisica, a partir de elementos ordinários, a que todos tem acesso, e que faz com que em meu caso alce voos inimaginados..
Quanto a Manuel Bandeira, imputo a evocação de beleza, a partir de elementos aparentemente improváveis de contê-la!
Outro ponto que levanto para avalizar meus comentários, é que não importa muito que tipo de material, ou como um escritor o use, para que o seu trabalho cale fundo em seu possível leitor.
Evoco a imagem de um tecelão que usa dos melhores cordões para tecer sua tapeçaria; ele escolhe os cordões, a cor, a gramatura, imaginando um processo criativo, e ambicionando um fim. Ao cabo da sua lide a peça que se origina tende a alcançar ou não a simpatia de sua audiência.
E por que, o emissor desta mensagem, depende de seus receptores, intimamente.
Um pintor, ao cabo de suas pinceladas, tem a sua frente o melhor quadro possível naquele momento... Mas, caberá ao seu expectador dar ao trabalho apresentado algum valor... E esta valoração é de fulcro intimo de cada expectador.
Um poeta, um escritor dado a figuras de linguagem como material de modelar, está fadado ao mesmo processo.
Posto estes apontamentos fico com o poetinha quando espera que a Poesia o escolha, e que é de sua importância que se escreva poemas ao máximo possível...
Sem falar que eu concordo com ele, de que só o tempo há de valorizar a alguns poetas...
Pois, o fato é que a Poesia, embora a meu ver esteja em qualquer lugar, e em nenhum, só se mostrará a alguns eleitos pela Fortuna.
Outro motivo que me leva a não explanar sobre os meus gostos e/ou manias é o desejo intimo de não transferir a atenção de meus leitores possíveis do objeto poema, para o sujeito poeta, pois somos diametralmente opostos um ao outro em muitos momentos... Embora complementares um ao outro, noutros, penso que o poema com Poesia, é de outra esfera, sem tempo datado, sem um lugar pré definido., um sentimento de/do/no mundo que o poeta teve a Virtude de capturar na forma de poema.
Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
21/04/2018
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A um tempo da leitura do Confessionário de JM – o poetinha, há a indicação da necessidade de no perfil de um autor, ser de bom tom que junto com aos dados curriculares dele, sejam indicadas algumas preferências dele.
Por meu turno evito fazer estas anotações, para não correr o risco de que meus possíveis leitores confundam o autor com a obra apresentada.
Deixando assim que a obra fale por si mesma, despertando ou não em meu leitor a sensação de beleza, um estado de sublimação poética.
Evito também a especulação sobre o momento de aparição da Poesia, nos poemas escritos e apresentados.
E por quê?
Por que a Poesia é encarada por mim como o ponto culminante em uma obra escrita sob a forma de poemas...
E acontece que a Poesia não se dá à mostra em todo trabalho apresentado, embora o tempo a cristalize na obra de um autor quase como um todo.
Não encaro a Poesia como apenas um elemento de linguagem, ou mais um, pois não a vejo como resultado do uso de figuras de linguagem tão somente, ou uma ratificação da maestria de um autor quanto ao uso da língua.
Mas, sobretudo, uma somatória dos elementos de linguagem usados na confecção da peça poética, com a sensibilidade do leitor e a sua bagagem de mundo, e suas vivências.
Por isso encaro um poeta como um arqueiro “cego” que com a sua destreza empunha seu arco, encetando sua flecha-poema, em alvos indistintos...
A maestria do autor na confecção de seu poema, a comunicação de sua mensagem, no que denota, e no que conota, não é garantia de que seja apreendida pelo possível leitor/alvo.
Existem para mim barreiras a serem vencidas, resistências a serem ultrapassadas, notadamente referentes ao próprio leitor.
A Poesia para mim é mais encantadoramente misteriosa quando eleva meus sentidos, do ponto de conforto que se encontre, após despertá-lo, pela forma que apresente, pela mensagem que expresse, e pela mensagem subliminar que evoque...
A poesia de Manuel de Barros tem este efeito sobre mim.
Algumas poesias de Manuel Bandeira também!
Enquanto encaro Manuel de Barros, na maioria de seus poemas como um poeta que cria uma aura metafisica, a partir de elementos ordinários, a que todos tem acesso, e que faz com que em meu caso alce voos inimaginados..
Quanto a Manuel Bandeira, imputo a evocação de beleza, a partir de elementos aparentemente improváveis de contê-la!
Outro ponto que levanto para avalizar meus comentários, é que não importa muito que tipo de material, ou como um escritor o use, para que o seu trabalho cale fundo em seu possível leitor.
Evoco a imagem de um tecelão que usa dos melhores cordões para tecer sua tapeçaria; ele escolhe os cordões, a cor, a gramatura, imaginando um processo criativo, e ambicionando um fim. Ao cabo da sua lide a peça que se origina tende a alcançar ou não a simpatia de sua audiência.
E por que, o emissor desta mensagem, depende de seus receptores, intimamente.
Um pintor, ao cabo de suas pinceladas, tem a sua frente o melhor quadro possível naquele momento... Mas, caberá ao seu expectador dar ao trabalho apresentado algum valor... E esta valoração é de fulcro intimo de cada expectador.
Um poeta, um escritor dado a figuras de linguagem como material de modelar, está fadado ao mesmo processo.
Posto estes apontamentos fico com o poetinha quando espera que a Poesia o escolha, e que é de sua importância que se escreva poemas ao máximo possível...
Sem falar que eu concordo com ele, de que só o tempo há de valorizar a alguns poetas...
Pois, o fato é que a Poesia, embora a meu ver esteja em qualquer lugar, e em nenhum, só se mostrará a alguns eleitos pela Fortuna.
Outro motivo que me leva a não explanar sobre os meus gostos e/ou manias é o desejo intimo de não transferir a atenção de meus leitores possíveis do objeto poema, para o sujeito poeta, pois somos diametralmente opostos um ao outro em muitos momentos... Embora complementares um ao outro, noutros, penso que o poema com Poesia, é de outra esfera, sem tempo datado, sem um lugar pré definido., um sentimento de/do/no mundo que o poeta teve a Virtude de capturar na forma de poema.
Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
21/04/2018
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