O HOMEM DO COBERTOR XADREZ
O Ponto dele desde sempre é em frente ao Banco do Brasil, agência centro de Foz do Iguaçu. Sentado na calçada ,próximo ao estacionamento dos carros lá está ele, com chuva ou sol, frio ou calor intenso. Cada pessoa que passa na calçada ele repete a mesma frase ,incansavelmente só mudando o gênero:
-O abençoada dá uma moedinha pelo amor de Deus.
-O abençoado dá uma moedinha pelo amor de Deus.
Quando ele recebe ,vem o agradecimento: -Deus abençoe. Quando o movimento do banco acalma ,ele sai mancando e fica no sinaleiro ,abordando os carros e repetindo a mesma frase de sempre.
- O abençoado, uma moedinha pelo amor de Deus.
E o velho cobertor xadrez se arrasta junto com ele . Ninguém sabe onde ele mora ,se tem família e como foi parar na rua . Bem próximo dali ,tem um restaurante onde sempre faço as refeições quando estou em diligências no centro.Um dia desses resolvi falar com ele. Assim que ele me pediu a moeda eu me aproximei e disse : -Está perto do horário do almoço vou pegar uma marmita para o senhor ,que tal? -Obrigado mas prefiro comer um sanduiche do meu dinheiro .Foi sua resposta. -O senhor não tem vontade de mudar de vida? Quem sabe alguma atividade mais leve, já que tem problemas nos pés? Artesanato, por exemplo. Há instituições aqui na cidade que poderá reabilitá-lo para alguma profissão. O senhor fala bem é educado. Terá facilidade.
-Senhora, agradeço sua preocupação, mas eu já tive uma profissão, cai na rua por uma desgraça. Sou formado em arquitetura, já tive casa, boa renda e família. Hoje estou aqui , a culpa é minha e vai ser assim até o fim da minha vida . Agradeço seu cuidado, mas não sou infeliz. Já me acostumei, cada um que passa, preocupado e em direção ao banco, nem sempre sai de lá contente. Aprendi a analisar as fisionomias nesse tempo que estou parado .Muitos trazem o desespero no olhar , nos passos, nos gestos. Será que são felizes? Eu dou algumas risadas durante o dia . Aqui no meu canto, já fiz amigos e cada um que eu trato como abençoado, abençoada eu passo minha mensagem. Abençoar alguém sempre faz bem,. Minha palavra vai e volta, pois também sou abençoado. Passo informações sobre locais da cidade, dou conselhos para meninos drogados ...Do Homem do Cobertor ninguém mais tem medo, estou quase famoso. Ele ri e começa a cantar a música de Zeca Pagodinho: -‘Deixa a vida me levar, vida leva eu”,
Que lição ! Penso que não há parâmetro para medir o que é “estar bem”. Se me perguntassem há quantos dias não canto, não saberia responder. Ele canta!
O Ponto dele desde sempre é em frente ao Banco do Brasil, agência centro de Foz do Iguaçu. Sentado na calçada ,próximo ao estacionamento dos carros lá está ele, com chuva ou sol, frio ou calor intenso. Cada pessoa que passa na calçada ele repete a mesma frase ,incansavelmente só mudando o gênero:
-O abençoada dá uma moedinha pelo amor de Deus.
-O abençoado dá uma moedinha pelo amor de Deus.
Quando ele recebe ,vem o agradecimento: -Deus abençoe. Quando o movimento do banco acalma ,ele sai mancando e fica no sinaleiro ,abordando os carros e repetindo a mesma frase de sempre.
- O abençoado, uma moedinha pelo amor de Deus.
E o velho cobertor xadrez se arrasta junto com ele . Ninguém sabe onde ele mora ,se tem família e como foi parar na rua . Bem próximo dali ,tem um restaurante onde sempre faço as refeições quando estou em diligências no centro.Um dia desses resolvi falar com ele. Assim que ele me pediu a moeda eu me aproximei e disse : -Está perto do horário do almoço vou pegar uma marmita para o senhor ,que tal? -Obrigado mas prefiro comer um sanduiche do meu dinheiro .Foi sua resposta. -O senhor não tem vontade de mudar de vida? Quem sabe alguma atividade mais leve, já que tem problemas nos pés? Artesanato, por exemplo. Há instituições aqui na cidade que poderá reabilitá-lo para alguma profissão. O senhor fala bem é educado. Terá facilidade.
-Senhora, agradeço sua preocupação, mas eu já tive uma profissão, cai na rua por uma desgraça. Sou formado em arquitetura, já tive casa, boa renda e família. Hoje estou aqui , a culpa é minha e vai ser assim até o fim da minha vida . Agradeço seu cuidado, mas não sou infeliz. Já me acostumei, cada um que passa, preocupado e em direção ao banco, nem sempre sai de lá contente. Aprendi a analisar as fisionomias nesse tempo que estou parado .Muitos trazem o desespero no olhar , nos passos, nos gestos. Será que são felizes? Eu dou algumas risadas durante o dia . Aqui no meu canto, já fiz amigos e cada um que eu trato como abençoado, abençoada eu passo minha mensagem. Abençoar alguém sempre faz bem,. Minha palavra vai e volta, pois também sou abençoado. Passo informações sobre locais da cidade, dou conselhos para meninos drogados ...Do Homem do Cobertor ninguém mais tem medo, estou quase famoso. Ele ri e começa a cantar a música de Zeca Pagodinho: -‘Deixa a vida me levar, vida leva eu”,
Que lição ! Penso que não há parâmetro para medir o que é “estar bem”. Se me perguntassem há quantos dias não canto, não saberia responder. Ele canta!