RECORDANDO

RECORDANDO

Há bastante tempo, sempre aos domingos à tarde, vou com meus filhos para a casa de meu pai. Antes, quando a mamãe ainda estava conosco neste plano de vida, sem dúvida, a casa era mais alegre, tínhamos um maior aconchego, maiores tarefas a realizar, assuntos para por em dia, segredos a confidenciar; o número de visitantes era bem maior; a partir dos outros irmãos casados que também vinham àquele ponto de encontro familiar. Saborear aquele lanche da tarde, dar aquele abraço gostoso em nossos pais. Apesar de a prole ser um pouco resumida, seis filhos, sete netos, quatro noras e um genro, já davam para fazer bastante barulho, mas que festejávamos com alegria aquele encontro dominical. Sempre cultivamos o amor, a união entre nós, apesar da origem humilde, mas foram ensinamentos que felizmente absorvemos e permanecem até hoje. Há dois anos a mamãe partiu, e ficou o nosso pai, que já conta com 76 anos de idade, apesar de ser uma fortaleza em pessoa, mas já tem muitas carências, principalmente no lado afetivo, depois de um casamento de 47 anos, de repente ficar sozinho é doloroso. Hoje, os habitantes daquela casa que já foi tão movimentada, resumem-se a papai e minha irmã, que ainda é solteira. Então nossa presença é por demais importante para eles. A gente conversa, ri, escuta as lamentações; e a cada semana, tem novos assuntos e assim encerra-se mais um domingo. E começa a espera pelo próximo final de semana, pois devido à correria que se vive, salvo algum acontecimento extraordinário, não dar para visitá-los no decorrer da semana. É engraçado, a cada vez que estou saindo, sempre me acompanham até o carro, com mais um assunto, “a saideira”, principalmente minha irmã, que é uma “figura”. No domingo passado, eu já estava de saída, quando de repente ela que é bastante saudosista, me convidou a rever um vídeo, de uma homenagem de aniversário que me foi prestada, em 2000, pelos colegas e amigos de trabalho e por minha família. Ainda relutei, devido a hora estar avançada, mas terminou me convencendo. E terminei aquele passeio com as lágrimas a jorrar em minha face, diante da visão que tive, de minha mãe que estava ali tão presente, naquele vídeo, me passando uma mensagem de otimismo, de desejo de felicidade, como também dos meus amigos que já não estão mais aqui. Quatro pessoas que me felicitaram com tanta alegria, já não estão mais neste plano físico de vida. E a saudade veio como um açoite. Não pude me conter! E pude observar como a vida passa rápido! E que todos os momentos que nos são concedidos, devemos vivê-los intensamente, pois no próximo segundo não sabemos se estaremos por aqui; se teremos oportunidades de rever um amigo, de abraçar um irmão, de confidenciar nossos segredos, de viver o amor que temos dentro de nossos corações, que ficamos sempre a espera do momento certo, das palavras adequadas; que sumam os perigos e as incertezas que nossa mente nos traz, para sermos realmente felizes. Que possamos recordar coisas boas; felicidades vividas, amigos maravilhosos, sem o peso na consciência, que poderíamos ter sido melhores e não fomos por preguiça, insegurança, ou falta de iniciativa.

Cellyme
Enviado por Cellyme em 02/09/2007
Reeditado em 03/09/2007
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