Sua dor minha dor
Como é difícil encarar o óbvio, aquilo que está na cara e insistimos em não ver.Toda ferida exposta é feia, porque ela denuncia, ela se exibe, ela se afirma ferida sem eufemismos sem poesias. Quantas vezes viramos o rosto para não ver o que nos tornaria, quem sabe, mais humanos, mais humildes. Esquecemos que o vento que leva as folhas trás a tormenta que fustiga nossa consciência de sujeitos fracos, passíveis de qualquer sofrimento. O senso comum diz que o sofrimento redime e ensina, mas afirma também que só pode ser ajudado aquele que assim o permite, portanto muitos de nós, talvez, ainda precise se dar o direito de querer aprender pelo sofrimento do outro. Eu sei que você tem acompanhado pela TV, mães, filhos, maridos, pais em uma recorrente onda de sofrimentos de perda de seus queridos. Eu sei também que não aguentamos mais todos os dias ouvir as mesmas notícias, e, por vezes tudo que precisamos é mudar de canal. Isso porque sofremos juntos, e ninguém quer sofrer. Mas como alienar os sentimentos, se fazemos parte dessa maioria sujeita aos perigos de viver as manifestações das diversas violências. É... estamos no olho do furacão mas, possivelmente, ainda não nos demos conta das suas proporções.
Stelamaris