Parece que entramos no modo câmera lenta, envolvidos em um grande pesadelo, sem hora para acabar. Mas as algumas ruas estão enfeitadas para a Copa. 

Fragilizados, pesarosos, assistindo o desenrolar de tramas políticas que já se arrastam por tempo demais. Precisamos de ar fresco, mudanças, soluções e novas propostas. Aqui dentro do peito preservo um pouco de esperança, mas evito sair à noite.

Perdemos memórias, referências, pedaços da nossa cultura deixaram de existir. Está tudo quebrado, pichado, muito lixo acumulado, quarteirões sem qualquer tipo comércio,  bairros completamente abandonados. As ruas viraram morada de muitos, não há qualquer tipo de apoio aos sem teto, estão jogados à própria sorte e no final todos sofrem. O mau cheiro dos dejetos é insuportável, colchões e abrigos improvisados tomam conta das calçadas, a imundície prolifera e com ela insetos e doenças. 

Ninguém fala nada, ninguém faz nada, e isto acontece nos bairros mais movimentados, como Tijuca, Méier e Vila Isabel. Compreendo que a miséria é um retrocesso, entendo que o povo está desesperado, só me revolto com a falta de informação, porque a realidade me incomoda e dói.

Não é pessimismo, é realismo e consciência, muita preocupação com o futuro e nenhum entusiasmo por distrações como jogos e festas. 

Vivo em uma cidade abandonada. Infelizmente.

Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 07/06/2018
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