DONA TININHA

Todos os dias ela passeava com seu cãozinho , no caminho, conversava com ele:

_Hoje está um lindo dia, não é mesmo, Amorzinho? Vamos fazer um ótimo passeio!

Lembrou-se de seu finado marido, havia partido há cinco anos;para amenizar sua dor, adotara o animalzinho e passou a chamá-lo de Amorzinho, era seu companheiro agora, seu confidente até o fim de seus dias. Estava prestes a completar 80 anos, orgulhava-se de ser independente, morava sozinha e dava conta de todo o serviço: lavava, cozinhava, limpava a casa, ia ao supermercado, pagava suas contas, cuidava do bichinho e, juntos, eles passavam os dias, uma amizade sincera e bonita de se ver. À noite, sentava-se em sua cadeira de balanço e Amorzinho acomodava-se aos seus pés, contava-lhe histórias, de seu tempo de moça, quando conhecera Rodolfo, depois seu marido, por mais de 50 anos, até que ele se foi. Não tiveram filhos, era sua única frustração, no mais, foram muito felizes, amaram-se bastante, ficaram as boas recordações dos momentos de lazer e estas, sempre estavam em sua memória.

Certa noite, após contar histórias ao cãozinho, D. Tininha acariciou-lhe a cabecinha e lhe disse:

_Não se preocupe, Amorzinho, quando eu me for, já tenho quem cuidará de você, a Aninha, filha da vizinha, será uma boa dona, pois já gosta muito de ti. E eu partirei em paz para ficar com Rodolfo.