DIGA NÃO AO LEÃO

O grau de apatia do povo brasileiro está demandando um estudo sério.

Uns dizem que é por causa do flúor que colocam na água, outros que é efeito dos hormônios contidos na proteína animal, outros falam no envenenamento pela acumulação dos agrotóxicos, muitos garantem que é por conta da poluição do ar e por aí vai.

Somos mais de duzentos milhões de pessoas a assistir em todos os meios de comunicação a exposição descarada da roubalheira oficial;

da extorsão vergonhosa a que o empresariado precisa se sujeitar para conseguir manter-se no mercado;

das licitações onde os vencedores são escolhidos pelo maior lance de propina;

pelas execuções vergonhosas de obras superfaturadas que caem muitas vezes antes de ficarem prontas;

somos presos ao sistema bancário (que se diz o mais seguro do mundo), mas que concentra em apenas quatro agentes 80% da operação financeira do país.

Talvez por essa orgia de maus exemplos, os indivíduos não se dão conta de que as pequenas transgressões são os embriões do nosso desmantelamento social.

Jogar em qualquer lugar garrafas vazias, papel de balas, pontas de cigarro, embalagem e palito de picolé, casca de frutas e toda sorte de rejeitos indesejados, assim como apelar sempre para a lei do Gerson, (ficando calado quando recebe trôco a maior) faz com que o cidadão comum não se sinta capacitado a reclamar porque vê na má conduta dos governantes a projeção dos seus próprios atos.

Somos o povo que mais paga impostos e que menos recebe a contrapartida.

Nossa máquina governamental é paquidérmica e como tal inoperante.

Apenas cabide de emprego para acomodar correligionários que não conseguiram um cargo eletivo ou para aqueles que trabalharam em campanhas dos políticos vencedores.

São mais de cem empresas estatais e duvido que alguém saiba o que elas todas deveriam fazer.

E por falar em imposto o nosso leão precisa ser destronado.

Na natureza o leão verdadeiro se mantém na liderança do bando por no máximo cinco anos, depois disso é enxotado (ou morto) por um mais jovem e mais forte, mas o nosso leão continua inabalável sem corrigir a faixa de isenção, embora ela esteja 88% defasada da realidade devido à inflação acumulada desde o último reajuste.

Em 1986 houve uma campanha intitulada DIGA NÃO AO LEÃO que fez com que o poder executivo corrigisse a tabela.

Agora que aprendemos com os caminhoneiros a usar o zati-zapi devemos fazer nova mobilização para ver se o poder executivo acorda e sai da inércia em que se encontra.

É preciso deixar bem claro que a correção da tabela do imposto de renda é atribuição exclusiva do poder executivo e que não depende dos sicários do congresso.