Era uma tarde de domingo, com essa temperatura agradável do outono que convida a um passeio pela praia.
Eu caminhava pela longa rua a caminho do mar e ouvia a conversa - minha especialidade – de dois homens que caminhavam atrás de mim, talvez com a mesma intenção.
- E aí Juvenal, faz tempo que eu não te vejo. Ainda morando em Madureira?
- Sim, mas por pouco tempo. Estou me mudando pro Leblon.
- Nossa! Que salto, mas por quê? Não gostou de lá?
- Gostei sim, tem umas rodas de samba bem legais, mas não tem aquela vista do mar, aquelas meninas de corpos sarados, bem vestidas, outras bem despidas, com aqueles biquines cada vez menores. As ruas lá são mal conservadas, com lixo e muitos buracos. Além do mais falta policiamento. Ainda ontem vi uns moleques botando fogo no cobertor de um mendigo. Não tinha um policial para prendê-los. Eu me indignei e fui dando porrada nos moleques. Aí sim, apareceu um policial pra defender os direitos humanos daqueles desumanos.
Fui preso e fiquei dois dias detido. Não foi a pior coisa que me aconteceu nessa avida. Afinal passei dois dias recebendo café da manhã, almoço e jantar, tudo de graça, ou melhor, às custas de toda a sociedade que paga os impostos.
Acho que a prisão só serve para piorar as pessoas. Se fosse para ressocializá-las deveriam dar-lhes oportuni-dade de fazer algum trabalho, de cozinhar a própria comida e de aprender uma profissão. Como nada disso é feito, eles saem de lá muito mais escolados em maté-ria de assalto, crime, roubo, etc.
- E como anda o inventário do casarão que a tua tia deixou de herança?
- Tá encrencado, meu amigo. Tem um dos meus quatro irmãos que não quer vender. Acha que devemos ir todos morar lá. Só que ele tem “toc” e as coisas têm que estar sempre no mesmo lugar, a hora de almoçar e jantar tem que ser sempre a mesma, o lençol tem que ficar muito bem esticado...e outras manias mais. Eu e os outros não damos a mínima pra essa arrumação toda. É claro que não pode dar certo.
Enquanto isso eu vou vivendo sem pagar luz, gás, telefone, IPTU, condomínio e moro cada dia num bairro diferente, conhecendo novas pessoas e escutando histórias, como todo morador de rua. Hoje, por exemplo, vou dormir por aqui, amanhã me mudo pro Leblon.
Eu caminhava pela longa rua a caminho do mar e ouvia a conversa - minha especialidade – de dois homens que caminhavam atrás de mim, talvez com a mesma intenção.
- E aí Juvenal, faz tempo que eu não te vejo. Ainda morando em Madureira?
- Sim, mas por pouco tempo. Estou me mudando pro Leblon.
- Nossa! Que salto, mas por quê? Não gostou de lá?
- Gostei sim, tem umas rodas de samba bem legais, mas não tem aquela vista do mar, aquelas meninas de corpos sarados, bem vestidas, outras bem despidas, com aqueles biquines cada vez menores. As ruas lá são mal conservadas, com lixo e muitos buracos. Além do mais falta policiamento. Ainda ontem vi uns moleques botando fogo no cobertor de um mendigo. Não tinha um policial para prendê-los. Eu me indignei e fui dando porrada nos moleques. Aí sim, apareceu um policial pra defender os direitos humanos daqueles desumanos.
Fui preso e fiquei dois dias detido. Não foi a pior coisa que me aconteceu nessa avida. Afinal passei dois dias recebendo café da manhã, almoço e jantar, tudo de graça, ou melhor, às custas de toda a sociedade que paga os impostos.
Acho que a prisão só serve para piorar as pessoas. Se fosse para ressocializá-las deveriam dar-lhes oportuni-dade de fazer algum trabalho, de cozinhar a própria comida e de aprender uma profissão. Como nada disso é feito, eles saem de lá muito mais escolados em maté-ria de assalto, crime, roubo, etc.
- E como anda o inventário do casarão que a tua tia deixou de herança?
- Tá encrencado, meu amigo. Tem um dos meus quatro irmãos que não quer vender. Acha que devemos ir todos morar lá. Só que ele tem “toc” e as coisas têm que estar sempre no mesmo lugar, a hora de almoçar e jantar tem que ser sempre a mesma, o lençol tem que ficar muito bem esticado...e outras manias mais. Eu e os outros não damos a mínima pra essa arrumação toda. É claro que não pode dar certo.
Enquanto isso eu vou vivendo sem pagar luz, gás, telefone, IPTU, condomínio e moro cada dia num bairro diferente, conhecendo novas pessoas e escutando histórias, como todo morador de rua. Hoje, por exemplo, vou dormir por aqui, amanhã me mudo pro Leblon.