EU E O ESPELHO (BVIW)
Quando bem crianças nós nos desenhamos apenas com a cabeça. É como nos vemos no espelho e é o que valorizamos em nossos pais. O tempo vai passando e nosso horizonte se alargando. Se não houver críticas negativas em relação a nossa arte logo estamos do lado de fora de uma casa com o sol iluminando, no céu. Mais um tempo já estamos de corpo inteiro, com roupas coloridas e entram amiguinhos, os cachorros e outros bichos de estimação. Retratamo-nos conforme os anos passam e os interesses vão evoluindo. Todo pintor tem em algum canto o seu “eu” em pose de Monalisa. Se não tiver concretamente, tem no fundo de seus projetos artísticos. Eu tenho o meu. Fazer cópia de si mesmo olhando uma foto, ou num espelho, é muita tentação para quem tem formiga e pincel nos dedos.
Conheci um ótimo pintor idoso que se retratava apenas com uma cabeça esboçada, com olhos e boca, tal como uma criancinha faz. Perguntei o porquê de tanta simplicidade e ele me disse: “é só o que importa!”