SOU A VOZ QUE CALA (BVIW)
 
Sou a voz que cala,  não existe motivação para autorretrato, além do mais é dito que o semblante do retratista-retratado  raramente  se apresenta em momento de relaxamento ou felicidade e que a visão do artista sobre si próprio é sombria.  A esta altura da vida me conheço o bastante, sou o que sou  , então,  por que falar sobre mim, por que me  confessar, por que me desnudar se  a introspecção me é inerente; gosto da clausura voluntária, gosto da intensidade das minhas cismas, não desconheço os meus limites, sei o que é meu e o que é do outro,  só não abro mão do  uso e abuso da minha liberdade de pensamento Não me considero incognoscível, apenas  uma mulher calada, esperando   cada manhã, cada anoitecer sem nada fazer.  Complicado? Nem tanto, tenho a minha válvula de escape:  escrever. Escrever , seguindo o  conselho dado  a Lya Luft,  de toda noite acender uma vela para os meus personagens, que sofrem e enlouquecem em meu lugar.
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 05/06/2018
Reeditado em 05/06/2018
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